Ocupado e cansado

Posted by | janeiro 15, 2018 | Reflexão | 2 Comments

Em resposta à postagem de ontem, um leitor do blog perguntou porque dizer para as pessoas que você está ocupada e/ou cansada é uma forma gentil de ser egoísta. Aqui vão algumas razões pelas quais isso frequentemente é uma expressão de que não pensamos nos outros.

Isso implica que a pessoa que está te perguntando isso não está assim também. Quando alguém diz: “Oi, como você está?” e você normalmente responde, “ocupada” ou “cansada” isso implica em dizer que a outra pessoa não está, e que você é incomumente frutífero, exigente e trabalhador, ou tem uma questão física que o torna mais frágil e cansada do que o resto de nós pode ser.

Na verdade a maioria das pessoas pensa que está ocupada ou cansada. A estudante universitária cheia de reuniões acha que está ocupada. Meu sobrinho de 3 anos acha que está muito ocupado construindo fortes para poder parar para almoçar. A pessoa preguiçosa está convencida de que ela está cansada (Pv. 26:14). O homem que trabalha 40h se sente ocupado até ele conhecer o que trabalha 80h. Ocupação e cansaço são ambos muito relativos, e também não são novidades para a experiência humana.

Não há muito que alguém possa fazer em relação a isso, mas ao dizer isso você coloca uma carga social sobre eles para pelo menos oferecer simpatia. Eu conheci uma jovem mãe com quatro filhos abaixo dos 4 anos, com um apartamento de dois quartos, e um marido que trabalhava longas horas. Há alguns anos atrás, ela decidiu nunca dizer “cansada” ou “ocupada” quando as pessoas perguntavam como ela estava, “Qualquer pessoa com metade do cérebro consegue perceber que estou cansada e ocupada”, ela dizia, “mas ninguém pode de fato consertar isso. Continuará como foi nos últimos quatro anos. Então, porque dizer isso às pessoas todo domingo?”, a não ser que você vá pedir por oração, conselho, ou algum tipo de ajuda, isso é geralmente só reclamação. Isso certamente não é dar graças em toda ocasião (1 Ts. 5:18).

“Mas isso é orgulho!” alguém pode dizer. “É somente orgulho e talvez até desonesto não dizer a alguém que você está ocupada e cansada quando alguém te pergunta como você está.” Será orgulho se a) a pessoa que perguntou realmente quer saber os detalhes sangrentos de como você está e b) você não tem nenhum outro aspecto da sua vida além de uma agenda lotada e falta de sono. Mas como você possui um cérebro, uma alma e também um corpo, talvez você possa responder com: “Bem, eu conheci uma pessoa realmente interessante ontem”, ou, “as crianças têm me ajudado bastante”, ou até, “Deus tem sido generoso comigo essa semana”. Isso certamente retira o holofote de nós, não é mesmo? Honestidade e humildade não exigem que falemos do nosso cansaço ou calendário apertado.

Existem algumas circunstâncias onde não é egoísmo dizer para alguém que você está cansada ou ocupada. Se seu esposo chega em casa e te pergunta como foi seu dia, é apropriado dizer “ocupado” se geralmente não é assim. Talvez o pastor diga: “como você está realmente?” quando você está passando por algo e ele precisa saber que você não está envolvida com a Igreja por causa das suas ocupações em seu lar ou por cansaço físico. Existem momentos em que é apropriado dizer. Mas na maioria das vezes quando as pessoas dizem que estão cansadas e ocupadas, é apenas uma resposta padrão que vem de pensar constantemente sobre nós mesmos.

Eu sou abençoada por conhecer pessoas realmente ocupadas e cansadas. Algumas dessas pessoas (a maioria homens, mas algumas mulheres também) têm 90h ou mais de trabalho por semana, interagem com milhares de pessoas a cada ano, atravessam fusos horários, combatem a insônia e as dores de cabeça crônicas e náuseas que podem vir com o fato de serem super produtivas. Outros possuem filhos com algum tipo de doença, ou pais idosos que requerem cuidados 24h por dia 7 dias por semana. Alguns estão em campos missionários. A ironia disso tudo é que os mais ocupados e cansados eu nunca escutei dizer “cansado” ou “ocupado” quando eu pergunto como eles estão indo, porque eles também são pessoas piedosas. Eles se mataram até tal ponto que quando você pergunta a eles como eles estão, eles quase inevitavelmente dizem: “Estou bem. E como você está?”.

Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca Vandoodewaard, publicado originalmente no blog The Christian Pundit, traduzido e publicado com permissão da autora. O artigo original pode ser encontrado no link: Busy and Tired
Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”.

 
 

* Traduzido por Marcela Mello
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