A+ / A-

Iniciativa Liberal. No Facebook, antes de o ser, era uma página de apoio a António Costa

23 ago, 2018 - 15:00 • Rui Barros

A página de Facebook do recém-fundado partido liberal era, em 2014, uma página independente de apoio a António Costa. O partido justifica o facto com a origem do movimento e anuncia que vai criar uma nova página.
A+ / A-

A página de Facebook da Iniciativa Liberal (IL) - o recém-fundado partido que defende “os valores liberais” e que se identifica como um movimento alternativo aos atuais partidos de esquerda e de direita portugueses - era, até maio de 2015, uma página independente de apoio a António Costa chamada “António Costa 2015 - Capacitar Portugal”.

A informação está disponível na própria página de Facebook do partido, na aba “Informações e Anúncios”, onde é possível ver as diferentes versões do nome que aquela página já teve ao longo dos anos.

Nessa aba (ver imagem) é possível verificar que a página oficial do partido foi criada em Maio de 2014 e mudou três vezes de nome - começou por chamar-se “António Costa 2015 - Capacitar Portugal”, tendo alterado o nome, um ano depois, para “Capacitar Portugal”. A 26 de Janeiro de 2016, passou a chamar-se “Liberal Portugal” e a 26 de setembro desse mesmo ano assumiu a designação actual: “Iniciativa Liberal”.

Em resposta às perguntas colocadas pela Renascença, a “Iniciativa Liberal” confirma que a página “foi estabelecida a partir de uma outra existente, resultante de uma iniciativa cívica de apoio individual a António Costa a secretário-geral do PS, em Agosto de 2014”, mas manifesta total independência face ao Partido Socialista.

Segundo o partido, a página na rede social foi criada por um dos fundadores do movimento, que, à época, se identificava com o atual primeiro-ministro, mas que acabou por sentir "divergências profundas” com o “projecto de António Costa" e com "a forma como chegou ao poder”, tendo, assim, deixando de alimentar a página.

O espaço no Facebook voltaria ao ativo já com o nome de "Liberal Portugal", quando o criador da página decidiu ser um dos fundadores de uma plataforma de discussão sobre liberalismo económico, social e político que esteve na origem do partido.

De acordo com o mesmo esclarecimento, quando “os membros fundadores do que viria a ser a Associação Iniciativa Liberal tiveram conhecimento da origem da página, estiveram de acordo que essa era uma informação irrelevante na sua decisão de fazerem parte do projecto”, mas o secretário-geral do partido, Rodrigo Saraiva, garante que essa informação nunca foi ocultada da página.

De facto, quando uma página no Facebook muda de nome, todos os seus seguidores recebem uma notificação a informar dessa alteração, mas isso não terá impedido o então movimento de "herdar" alguns dos cerca de quatro mil "fiéis" da página. Não foi possível apurar se a página perdeu seguidores nessa transição.

Em comunicado, o partido faz saber que irá criar em breve “uma nova presença em Facebook para o partido”, para que seja clara a sua evolução de movimento cívico para Partido.

O estranho caso da “António Costa 2015 - Capacitar Portugal”

Esta não é, no entanto, a primeira vez que esta página está envolvida nas lutas partidárias em Portugal. De acordo com um artigo do "Público" de 2014, a página, que na altura se identificava como uma “plataforma de apoio independente a António Costa”, foi criada 24 horas antes de o atual primeiro-ministro ter anunciado que estava disponível para disputar a liderança do Partido Socialista.

O autor da página, Alexandre Krausz, “consultor de estratégia” de profissão, garantia, então, ao diário que a criação da página não tinha sido concertada com António Costa e que o facto de ter criado aquela página horas antes do anúncio do líder do PS era “pura coincidência”.

Alexandre Krausz é membro-fundador da Iniciativa Liberal.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.