Bolívia

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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Bolívia (desambiguação).
Estado Plurinacional de Bolivia[1](espanhol)
Buliwya Mama Ilaqta (quíchua)
Wuliwya Suyu (aimará)
Tetã Volívia (guarani)

Estado Plurinacional da Bolívia
Bandeira da Bolívia
Brasão de armas da Bolívia
Bandeira Brasão de armas
Lema: La union es la fuerza!
"A união é a força!"
Hino nacional: Bolivianos, el hado propicio
"Bolivianos, o futuro propício"
Gentílico: boliviano(a)

Localização do Bolívia

Capital Sucre (constitucional)
La Paz (sede do governo)
Cidade mais populosa Santa Cruz de la Sierra
Língua oficial
Governo República presidencialista Unitária
 - Presidente Evo Morales
 - Vice-presidente Álvaro García Linera
Independência da Espanha 
 - Declarada 6 de agosto de 1825 
Área  
 - Total 1.098.581 km² (28.º)
 - Água (%) 1,29
 Fronteira Argentina, Chile e Paraguai (S)
Brasil (E)
Peru (W)
População  
 - Estimativa para 2016 10 969 049 [4] hab. (84.º)
 - Densidade 9,13 hab./km² (210.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2014
 - Total US$ 69,979 bilhões*[5] 
 - Per capita US$ 6 222[5] 
PIB (nominal) Estimativa de 2014
 - Total US$ 34,083 bilhões*[5] 
 - Per capita US$ 3 030[5] 
IDH (2017) 0,693 (118.º) – médio[6]
Gini (2010) 53[7]
Moeda Boliviano (BOB)
Fuso horário UTC −4
Hora atual: 15:38
 - Verão (DST) UTC −4
Org. internacionais ONU (OMC), Mercosul, OEA, ALADI, OTCA, UNASUL, CI-A, UL
Cód. ISO BOL
Cód. Internet .bo
Cód. telef. +591
Website governamental www.bolivia.gob.bo

Mapa do Bolívia

Bolívia (pronúncia em português europeu[buˈlivjɐ]; pronúncia em português brasileiro[boˈliviɐ]; em castelhano: Bolivia, pronunciado: [boˈliβja]; em quíchua: Buliwya; em aimará: Wuliwya; em guarani: Volívia), oficialmente Estado Plurinacional da Bolívia[8][9] (em castelhano: Estado Plurinacional de Bolivia; em quíchua: Buliwya Mamallaqta; em aimará: Wuliwya Suyu; em guarani: Tetã Volívia), é um país encravado no centro-oeste da América do Sul. Faz fronteira com o Brasil ao norte e leste, Paraguai e Argentina ao sul, e Chile e Peru ao oeste.

Antes da colonização europeia, a região andina boliviana fazia parte do império Inca — o maior império da era pré-colombiana. O império Espanhol invadiu e conquistou essa região no século XVI. Durante a maior parte do período colonial espanhol, este território era chamado Alto Peru ou Charcas e encontrava-se sob a administração do Vice-Reino do Peru, que abrangia a maioria das colônias espanholas sul-americanas. Após declarar independência em 1809, dezesseis anos de guerras se seguiram antes do estabelecimento da república, instituída por Simón Bolívar, em 6 de agosto de 1825. Desde então, o país tem passado por períodos de instabilidade política, ditaduras e problemas econômicos.

A Bolívia é uma república democrática, dividida em nove departamentos. Geograficamente, possui duas regiões distintas, o altiplano a oeste e as planícies do leste, cuja parte norte pertence à bacia Amazônica e a parte sul à Bacia do Rio da Prata, da qual faz parte o Chaco boliviano. É um país em desenvolvimento, com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio e uma taxa de pobreza que atinge cerca de 60% da população. Dentre suas principais atividades econômicas, destacam-se a agricultura, silvicultura, pesca, mineração, e bens de produção como tecidos, vestimentas, metais refinados e petróleo refinado. A Bolívia é muito rica em minerais, especialmente em estanho.

A população boliviana, estimada em 10 milhões de habitantes, é multiétnica, possuindo ameríndios, mestiços, europeus, asiáticos e africanos. A principal língua falada é o espanhol, embora o aimará e o quíchua também sejam comuns. Além delas, outras 34 línguas indígenas são oficiais. O grande número de diferentes culturas na Bolívia contribuiu para uma grande diversidade em áreas como a arte, culinária, literatura e música.

Etimologia

O estado boliviano foi fundado sob o nome de República Bolívar em homenagem a seu libertador, Simón Bolívar. Posteriormente, foi modificada a proposta do deputado de Potosí, presbítero Manuel Martín Cruz, que argumentou com a seguinte frase: "Se de Rômulo, Roma; de Bolívar, Bolívia".[10] A nova república adotou oficialmente o nome de Bolívia em 3 de outubro de 1825.[10] Do mesmo modo, a Assembleia Deliberante nomeou o libertador Bolívar como primeiro presidente da república, o qual a chamou de filha predileta. Após a designação do país com seu nome, Bolívar fez a seguinte declaração:

História

Ver artigo principal: História da Bolívia

Era pré-colombiana e colonização

Porta do Sol, nas ruínas de um antigo povoamento da cultura Tiwanaku

O território boliviano é habitado há mais de 12.000 anos. No local, foram formadas várias culturas, principalmente nos Andes, destacando-se, especialmente, a cultura Tiwanaku e os reinos aymaras posteriores à expansão Wari. Estes reinos foram, por sua vez, anexados ao império Inca no século XIII.

A cultura Tiwanaku se desenvolveu em torno do centro cerimonial homônimo próximo ao lago Titicaca. A sua fundação ocorreu provavelmente antes do ano 300. Posteriormente, a cultura inca estabeleceu um vasto império no século XV, pouco antes da chegada dos espanhóis. Durante esse século, a Bolívia esteve ocupada por vários grupos de língua aimará (collas, pacajes, lupacas, omasuyos), destacando-se os collas, que dominaram um vasto território e que lutaram com os falantes de língua quíchuas de Cusco pelo controle da região. Os collas foram derrotados pelo inca Pachacuti, que se apoderou de quase todo o planalto boliviano. A Bolívia constituiu, durante quase um século, uma das quatro grandes divisões do Tahuantinsuyo (império inca) sob o nome de Collasuyo. Estas antigas civilizações deixaram grandes monumentos arquitetônicos e, atualmente, as línguas aimará e quíchua são muito difundidas no país.

Missão jesuítica de Chiquitos, no departamento de Santa Cruz

O primeiro europeu a chegar ao atual território da Bolívia foi Diego de Almagro em 1535, depois de partir de Cusco a fim de conquistar o Chile.[11] Com a morte de Almagro, Francisco Pizarro enviou seu irmão Gonzalo Pizarro para colonizar a província de Collao (Collasuyo). Pedro de Anzúriz fundou Chuquisaca (atual Sucre) em 1538, Potosí surgiu em 1546, La Paz em 1548 e Cochabamba em 1574.

A fundação espanhola se caracterizou por apresentar uma base mineiro-agrícola. A cidade de Potosí, a mais populosa da América em 1574 (120.000 habitantes), se converteu em um grande centro mineiro pela exploração das minas de prata do cerro Rico e, em 1611, era a maior produtora de prata do mundo. O rei Carlos I havia outorgado a esta cidade o título de vila imperial depois de sua fundação.

Durante mais de duzentos anos, o território da atual Bolívia constituiu a Real Audiência de Charcas, um dos centros mais prósperos e densamente povoados dos vice-reinados espanhóis. Potosí começou o seu declínio nas últimas décadas do século XVIII, ao levar a mineração da prata a um estado de estagnação, como consequência do esgotamento das veias mais ricas, das antiquadas técnicas de extração e do desvio do comércio para outros países. Em 1776, a Real Audiência de Charcas, que até então fazia parte do Vice-Reino do Peru, foi incorporada ao Vice-Reino do Rio da Prata.

Independência

Simón Bolívar, o libertador do país

As sublevações de Chuquisaca e La Paz foram o ponto de partida das guerras de independência. O país se declarou independente em 6 de agosto de 1825 com o nome de República de Bolívar, que foi alterado para República de Bolivia.

Em 1826, o libertador Simón Bolívar outorgou ao país a primeira constituição, que foi aprovada pelo congresso de Chuquisaca. Antonio José de Sucre, grande marechal de Ayacucho, foi eleito presidente da república da Bolívia.

Desde o início de sua existência como nação independente, a Bolívia viveu quase em um estado crônico de revoluções e guerras civis e, durante os cinquenta anos seguintes, os intervalos de estabilidade política foram breves e infrequentes. Em 1837, a Bolívia se uniu ao estado Norte-peruano e ao estado Sul-peruano para formar um novo estado, a confederação Peru-boliviana, que desapareceu dois anos depois, em 1839, pela oposição e declaração de guerra da confederação Argentina, do Chile e de um exército de restauradores peruanos. Em 1839, a batalha de Yungay definiu a dissolução da confederação Peru-boliviana.

Conflitos limítrofes

Morte do presidente Agustín Gamarra em Ingavi

Os conflitos limítrofes da Bolívia começaram desde muito cedo. O primeiro de grande importância (que inclusive chegou a ser uma ameaça para a independência) foi a invasão pelo Peru realizada em 1828, com Agustín Gamarra à frente. Houve batalhas e o exército peruano ocupou a maior parte do oeste boliviano. A guerra terminou com a assinatura do tratado de Piquiza e a retirada peruana do solo boliviano.

Depois desse conflito, chegou ao poder na Bolívia o marechal de Zepita, Andrés de Santa Cruz, que foi capaz de organizar, modernizar e instruir em táticas napoleônicas o exército boliviano. A eficácia da reforma no exército foi vista na invasão feita no Peru ante o pedido de ajuda de Luis José de Orbegoso y Moncada. A Bolívia saiu vitoriosa na invasão e fuzilou Felipe Santiago Salaverry, criando de fato a confederação Peru-boliviana.

Em 1836, iniciou-se a confederação dos estados Norte-peruano, Sul-peruano e Bolívia, mas, por interesses econômicos do Chile, de parte de peruanos contrários e por interesses territoriais da confederação Argentina (questão de Tarija), foi produzida uma guerra em duas partes de 1837 a 1839. Na primeira, a confederação saiu vitoriosa, produzindo o tratado de Paucarpata, mas, na segunda, se produziu a batalha de Yungay e a confederação foi dissolvida.

Pela parte argentina, a Bolívia, com o general alemão Otto Philipp Braun, comandante da frente boliviana, concentrou suas tropas em Tupiza e, em fins de agosto de 1837, ingressou na província de Jujuy. Os soldados confederados tiveram várias vitórias, chegando a ocupar setores fronteiriços das províncias de Jujuy e Salta. Ante a uma série de contra-ataques argentinos, estes invadiram o território boliviano. Os argentinos foram derrotados na batalha de Montenegro, mais conhecida na Argentina por batalha da Costa de Coyambuyo. Em 22 de agosto de 1838, Heredia ordenou a retirada e, depois de Yungay, as forças bolivianas evacuaram os setores fronteiriços que mantinham ocupados.

Depois da confederação Peru-boliviana, na Bolívia e no Peru se produziu um período de anarquia entre partidários e críticos da união dos dois países e por interesses políticos. No Peru, Gamarra foi o presidente, mas teve que controlar os possíveis usurpadores do poder. Na Bolívia, sucederam-se golpes de líderes. Gamarra tentou aproveitar-se disto para invadir a Bolívia e anexá-la, mas os bolivianos decidiram unir-se a um inimigo comum e deram os poderes do estado a José Ballivián.

Gamarra invadiu a Bolívia, ocupou várias zonas do departamento de La Paz mas foi derrotado ao morrer na batalha de Ingavi. Depois da batalha, os bolivianos invadiram o Peru, mas firmaram o tratado de Puno e se retiraram.

Perdas territoriais

Territórios perdidos pela Bolívia por guerras ou diplomacia, segundo a historiografia boliviana

Em 1866 e 1874, foram firmados tratados para resolver o litígio com o Chile sobre o deserto de Atacama, rico em depósitos de nitratos de sódio e de cobre. Nesses tratados, adotou-se como linha limítrofe entre Chile e Bolívia o paralelo 24º de latitude sul. Foram outorgados ao Chile diversos direitos alfandegários e concessões de exploração mineral a empresários chilenos no Atacama boliviano. Estas últimas disposições originaram o litígio entre os dois países, já que o estado boliviano não respeitou os acordos alfandegários, incrementando o imposto à extração de salitre às companhias salitreiras de capital chileno-britânico. Em 1879, o Chile ocupou o porto boliviano de Antofagasta, iniciando a chamada guerra do Pacífico, na qual a Bolívia e seu aliado Peru foram derrotados pelo Chile. Ao ser despojada de sua única possessão litoral, a Bolívia deixou de ter saída para o mar. O litoral boliviano abarcava, aproximadamente, 158.000 km² e, além de Antofagasta, contava com os portos maiores de Mejillones, Cobija e Tocopilla. Em 1904, foi ratificado um tratado de paz e amizade que reconheceu o domínio perpétuo do território em litígio por parte do Chile, enquanto garantiu à Bolívia o livre acesso ao mar.

A Bolívia manteve, também, uma guerra com o Brasil pelo território do Acre que concluiu com a cessão de 191.000 km² a este país em troca de uma indenização econômica e uma pequena compensação territorial. Além desses, teve conflitos territoriais por questão de limites com a Argentina, o Peru e o Paraguai.

A solução pacífica do litígio com a Argentina foi atingida em 1925. Em 1930, Peru e Bolívia nomearam uma comissão conjunta para delimitar a fronteira e solucionar o litígio sobre a península de Copacabana.

O problema fronteiriço boliviano-paraguaio se centrou sobre o Chaco boreal, uma zona de terras baixas situada ao norte do rio Pilcomayo e a oeste do rio Paraguai, que se estende pela disputada fronteira de Bolívia. Os dois países reclamavam o território em sua totalidade. Em julho de 1932, eclodiu a guerra do Chaco, conflito não declarado que durou três anos e no qual morreram 50 000 bolivianos e 35 000 paraguaios. Em julho de 1938, foi firmado o tratado de paz, segundo o qual o Paraguai ficava com 75% da região do Grande Chaco. Foi o maior conflito bélico da história boliviana: em três anos de contínuas lutas e perdas, a Bolívia sofreu um contínuo retrocesso que, finalmente, concluiu-se em Villamontes, onde os fortes cordilheiranos ajudaram o exército da Bolívia a deter o avanço paraguaio.

Desde a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945, a Bolívia solicitou à Assembleia Geral para que considerasse sua petição de recuperar una saída livre e soberana para o oceano Pacífico. Também apresentou o assunto na Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 1953, o Chile concedeu à Bolívia um porto livre em Arica, garantindo a esta direitos alfandegários especiais e instalações de armazenamento.

Revolução de 1952

Durante as eleições presidenciais de maio de 1951, o líder exilado do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), Víctor Paz Estenssoro, alcançou quase a metade dos votos expressos. No entanto, na ausência de um vencedor claro, o congresso devia eleger o presidente entre o três candidatos mais votados. Com a finalidade de impedir a eleição de Paz Estenssoro, o presidente Mamerto Urriolagoitia renunciou e entregou o governo a uma junta militar que nomeou como seu chefe o general Hugo Ballivián; em abril de 1952, foi derrubado pelo MNR.

Paz Estenssoro regressou do exílio para assumir a presidência. Sob sua orientação, o governo lançou um amplo programa de reformas econômicas, decretou a nacionalização das minas e o monopólio da exportação de estanho. No decurso de 1954, foi realizada a reforma agrária (parcelamento de terras para distribuir entre os indígenas), incentivou a prospecção de poços petrolíferos por empresas estrangeiras, instituiu o voto universal e realizou uma reforma educacional.

No final da década de 1950 e início da década de 1960, a economia boliviana sofreu com a queda dos preços do estanho no mercado mundial e com altos índices de inflação. As minas de estanho não eram rentáveis e os esforços do governo para reduzir o número de trabalhadores empregados e restringir os salários encontrou forte resistência dos sindicatos. A constituição boliviana, que não contemplava a reeleição, impediu que Paz Estenssoro se candidatasse às eleições de 1956, mas seu vice-presidente Hernán Siles Zuazo, filho de Hernando Siles, as venceu como candidato do MNR.

Siles continuou com a política iniciada pelo governo de Paz Estenssoro, que voltou a ser eleito em 1960. Paz solicitou a redação de uma nova Constituição, que aumentaria a autoridade econômica do governo e permitiria a reeleição. Em 1964, foi reeleito, nomeando como vice-presidente o general René Barrientos, chefe da Força Aérea e candidato de direita. Muitos dos antigos colaboradores de Paz o abandonaram, denunciando que o MNR havia esquecido sua política revolucionária. O governo de Paz Estenssoro foi derrubado um mês depois de sua reeleição em consequência do levante protagonizado pelos mineiros e estudantes. Tomou o poder uma junta militar encabeçada por René Barrientos.

Governos militares

Selo postal paraguaio homenageia Hugo Banzer, 65º e 79º presidente da Bolívia

O governo militar realizou uma política de reformas econômicas conservadoras, como a reabertura da indústria de minas de estanho ao investimento privado estrangeiro. Em julho de 1966, René Barrientos foi eleito presidente já como civil. No entanto, se viu forçado a depender dos militares para lidar com os movimentos guerrilheiros que haviam começado a atuar nas regiões montanhosas.

Em outubro de 1967, o exército boliviano anunciou ter derrotado os rebeldes num local próximo à aldeia de Vallegrande. Havia sido capturado no campo de batalha Ernesto Che Guevara, sendo pouco depois executado. Barrientos morreu em um estranho acidente de helicóptero em abril de 1969. Sucederam-se no poder uma série de governos de curta duração, a maioria militares, e em agosto de 1971 o governo do general Juan José Torres foi derrubado por um golpe de Estado encabeçado pelo coronel Hugo Banzer.

O regime de Banzer passou rapidamente de uma posição relativamente moderada a uma de maior repressão: aboliu o movimento trabalhista, suspendeu todos os direitos civis e enviou tropas aos centros de mineração. Em 1978, Banzer renunciou e uma junta militar tomou o poder.

No início da década de 1980, o forte crescimento econômico da década anterior — que havia sido sustentado pelos altos preços do estanho no mercado mundial — levou o país à crise. A queda do preço do mineral e a má administração dos regimes militares haviam deixado a Bolívia com uma imensa dívida, uma situação hiperinflacionária e um declínio das receitas por exportações. A exportação ilegal de cocaína foi o principal recurso de divisas, até que os Estados Unidos pressionaram o governo da Bolívia para que tomasse medidas eficazes contra o tráfico desta droga.

Em 1980, o general Luis García Meza e seu vice Luis Arce Gómez com apoio ativo da ditadura militar argentina e a ação de um comando terrorista denominado Novios de la Muerte[12][13] e organizados pelo criminoso nazista Klaus Barbie, deram um golpe de estado para evitar a eleição de Hernán Siles Suazo como presidente democrático.[13] Em 1982, ele foi afastado da última junta militar que governava o país para reinstaurar a democracia.

Governos democráticos

Hernán Siles Zuazo chegou ao governo em 10 de outubro de 1982 apoiado na Unidade Democrática e Popular (UDP), aliança que havia formado no fim da década de 1970 entre seu Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), o Movimento Nacionalista Revolucionário de Esquerda (MNR) e o Partido Comunista da Bolívia (PCB). Seu governo durou até 1985. Foi seguido pelo governo de Víctor Paz Estenssoro (1985-1989) do MNR.

Em 1989, assumiu Jaime Paz Zamora, do MIR, com apoio da Ação Democrática Nacionalista(ADN). Gonzalo Sánchez de Lozada, do MNR, assumiu de 1993-1997 e posteriormente Hugo Banzer Suárez (1997-2001), recebendo o apoio do ex-presidente Jaime Paz Zamora, que desta maneira devolvia o favor por respaldar com seus deputados da ADN a governabilidade do país durante seu mandato. Banzer morreu antes de terminar seu mandato, sendo substituído por seu vice-presidente Jorge Quiroga Ramírez (2001-2002).

Gonzalo Sánchez de Lozada (2002-2003) iniciou um segundo mandato, abreviado por uma revolta popular, e foi sucedido por seu vice-presidente Carlos Mesa (2003-2005). Este também foi derrubado pelos motins, assumindo Eduardo Rodríguez Veltzé (2005-2006), como interino. Na eleição presidencial realizada em 18 de dezembro de 2005, Juan Evo Morales Ayma (do partido Movimento para o Socialismo, com o acrônimo em espanhol MAS, significando "mais") foi eleito com 53,7% dos votos, com mandato até 2010.

Evo Morales, atual presidente da Bolívia

Antes de sua posse oficial em La Paz, Morales tomou posse em um ritual aimará simbólico no sítio arqueológico de Tiwanaku perante uma multidão de milhares de pessoas e representantes de movimentos de esquerda de toda a América Latina. Desde a conquista espanhola no início do século XVI, esta região da América do Sul, com uma maioria da população nativa, tem sido governado principalmente por descendentes de europeus, com esparsos períodos de governantes mestiços. Morales, um aimará, afirmou que os 500 anos de colonialismo terminaram e que a era da autonomia já começou.

Em 1 de maio de 2006, Morales anunciou a sua intenção de renacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos ativos. Embora afirmando que a iniciativa não seria uma expropriação, Morales enviou tropas para ocupar 56 instalações de gás simultaneamente. Tropas também foram enviadas para duas refinarias de propriedade da Petrobras na Bolívia, que fornecem mais de 90% de capacidade de refino da Bolívia. Um prazo de 180 dias foi anunciado para que todas as empresas estrangeiras de energia fossem obrigados a assinar novos contratos que dão a Bolívia participação majoritária e até 82% das receitas (o último para os maiores campos de gás natural). Todas essas empresas assinaram contratos. Relatórios do governo boliviano e das empresas envolvidas são contraditórios quanto aos planos de investimentos futuros. De longe, o maior cliente de hidrocarbonetos boliviano foi o Brasil, que importa dois terços do gás natural da Bolívia através de gasodutos operados pela Petrobras. Uma vez que o gás só pode ser exportado da Bolívia através de grandes (e caros) gasodutos da Petrobras, o governo boliviano e a empresa estão fortemente ligados. A Petrobras anunciou planos de produzir gás natural para substituir o agora fornecido pela Bolívia até 2011.

Geografia

Ver artigo principal: Geografia da Bolívia
Nevado Sajama, o ponto mais alto do país, com 6.542 metros de altitude
Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo.

Juntamente com o vizinho Paraguai, a Bolívia é um dos dois únicos países das Américas que não possuem saída para o mar. O ocidente da Bolívia está situado na cordilheira dos Andes, com o pico mais elevado, o Nevado Sajama, a chegar aos 6542 metros. O centro do país é formado por um planalto, o Altiplano, onde vive a maioria dos bolivianos. O leste do país é constituído por terras baixas e coberto pela floresta úmida da Amazônia. O lago Titicaca situa-se na fronteira entre a Bolívia e o Peru, o maior lago sul-americano por volume de água.[14] No sudoeste do país, no departamento de Potosi, encontra-se o Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo.[15]

A região Oriente, a norte e leste, compreende três quintos do território boliviano, é formada por baixas planícies de muitos rios e grandes pântanos. No extremo sul, localiza-se o Chaco boliviano, pantanoso na estação chuvosa e semi-desértico nos meses de seca. A nordeste da bacia do Titicaca, visualizam-se montanhas extremamente altas de 3 000 a 6 500 metros. As montanhas de mais altitude caem em ângulos praticamente retos até se transformarem em planícies.[16]

Os Andes atingem a Bolívia e se dividem em duas grandes cadeias, a Oriental e a Ocidental. Nota-se que a cordilheira Ocidental é formada por vulcões inativos ou extintos, e suas rochas são formadas de lava vulcânica petrificada. A altitude máxima é de 3.700 m, com 800 km de comprimento e 130 km de largura. A cordilheira Oriental é composta de diversos tipos de rochas e areia.[17]

Relevo

O sudoeste do país, onde a região Andina é predominante, apresenta alguns dos picos mais altos das Américas, como o Nevado Sajama - ponto mais alto no território boliviano - com 6.542 metros acima do nível do mar, e o Illimani, com 6.462 metros. É nesta parte do país que se localiza o lago Titicaca, o mais alto navegável do mundo, com uma área de 8.100 km² e compartilhado com o Peru. o Salar de Uyuni, que é o maior depósito de sais e reservatório de lítio no mundo, também é encontrado no altiplano.[17]

Entre o sudoeste e o leste, está a região intermediária entre o altiplano e as planícies orientais. Nesta parte do país os vales e montanhas são menos predominantes, apesar de alguns locais chegarem ao nível de 2.500 metros acima do nível do mar. Caracteriza-se por sua atividade agrícola e seu clima temperado a quente. Esta região inclui os vales bolivianos, Los Yungas e a região dos Chacos. Por outro lado, o norte e o nordeste boliviano possuem um relevo preponderantemente formado por planícies e planaltos baixos, cobertos por extensas selvas ricas em flora e fauna, estando a uma altitude inferior a 400 metros. Rios extensivos e a maior biodiversidade do país são encontradas nestas duas regiões, que estende-se dos limites com os Andes ao rio Paraguai.[16]

Clima e biodiversidade

Vista das cores do altiplano boliviano.

O clima boliviano varia drasticamente de uma ecorregião para outra, desde um clima tropical nos llanos orientais até um clima polar nos Andes ocidentais. Os verões são quentes, úmidos no leste e secos no oeste, com chuvas que frequentemente modificam as temperaturas, umidade, ventos, pressão atmosférica e evaporação, resultando em climas muito diferentes nas regiões do país. Quando o fenômeno climatológico El Niño ocorre, provoca grandes alterações climáticas.[18][19] Os invernos são muito frios no oeste e neva nas montanhas, enquanto que nas regiões ocidentais o vento é mais comum. O outono é seco nas regiões não tropicais do país.[20]

A Bolívia tem uma enorme variedade de organismos e ecossistemas e é considerado um país megadiverso.[21] O país possui mais de 2.900 espécies de animais, incluindo 398 mamíferos, mais de 1.400 aves (70% das aves conhecidas no mundo estão na Bolívia, sendo o sexto país mais diversificado em termos de espécies de aves),[22] 204 anfíbios, 277 répteis e 635 tipos de peixes de água doce. Além disso, existem mais de três mil tipos de borboletas e mais do que 60 de animais domésticos. A Bolívia ganhou atenção mundial com sua "Lei dos Direitos da Mãe Terra", uma lei única que atribui à natureza os mesmos direitos dados aos seres humanos.[20][23][24][25][26]

Há mais de 20.000 espécies de plantas com sementes, das quais 1.200 são espécies de samambaias, 1.500 são espécies de hepáticas ou musgo e pelo menos 800 são espécies de fungos. Além disso, são conhecidas mais de 3.000 espécies de plantas medicinais, de modo que a Bolívia seja considerada como um dos locais de origem de espécies de pimenta como locoto, malagueta (ou tabasco), além do amendoim, feijão, mandioca e várias variedades de palmeiras. Por outro lado, mais de 4.000 variedades de batatas são produzidas em suas terras em uma ampla gama de cores, formas e tamanhos.[27]

Hidrografia

São três as bacias hidrográficas encontradas no território boliviano: Amazônica, da Prata e a endorreica boliviano-peruana. A bacia Amazônica, também conhecida como bacia do Norte, é a que abrange a maior parte do território do país, com 724.000 km², estendendo-se por 66% de sua área. Os rios desta bacia geralmente têm fluxos abundantes e sinuosos, razão pela qual há muitas lagoas e lagos, como a lagoa Murillo. O principal afluente nesta é o rio Mamoré com um comprimento de 2.000 km, que corre em direção ao norte até a confluência com o rio Beni, de 1.113 km de extensão, o segundo em importância fluvial do país. De leste a oeste, a bacia Amazônica é constituída por outros rios importantes como o Madre de Deus, Orthon, Abunã, Yata e o Iténez (no Brasil, o rio Iténez recebe o nome de Guaporé), com este último sendo utilizado na demarcação de parte da fronteira com o Brasil. Por outro lado, os lagos e lagoas mais importantes são Rogaguado e o Rogagua. A precipitação média anual nesta parte do território é de 1.814 milímetros ao ano.[28]

A bacia do rio da Prata tem uma extensão de 229.500 km², cobrindo 21% do território. Os afluentes geralmente são menos abundantes do que os da Amazônica, composto principalmente pelos rios Paraguai, Pilcomayo e Bermejo. As lagoas mais importantes são a Uberaba e Mandioré, localizadas na região do Pantanal boliviano. A precipitação média anual na bacia do rio da Prata é de 854 milímetros ao ano. Pouco menor que esta última, a bacia endorreica boliviana-peruana - também chamada de bacia lacustre ou central - é encontrada no centro-norte do país, especialmente na fronteira com o Peru. Com 145.081 km², alcançando 13% do território. Conta com um grande número de rios, lagos, lagoas e nascentes que não correm em direção ao oceano, porque são cercados pela cordilheira dos Andes que delimita a região. O rio mais importante é o Desaguadero, que nasce no Lago Titicaca, o mais alto do mundo, a 3.810 metros acima do nível do mar. Nesta bacia há grandes lagos salgados como o Salar de Uyuni, que é o deserto de sal e o maior depósito de lítio do mundo e o Salar de Coipasa. A precipitação média anual nesta parte do território é de 421 milímetros por ano.[28]

Na fronteira com o Chile, no Altiplano andino, encontra-se o rio Silala, que é motivo de disputa territorial entre os governos da Bolívia e Chile.[29]

Lago Titicaca, nos Andes, próximo a fronteira com o Peru. É o maior lago da América do Sul por volume de água.[14][30]

Demografia

Ver artigo principal: Demografia da Bolívia

De acordo com os dois últimos censos realizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) da Bolívia, a população aumentou de 8 274 325 (dos quais 4 123 850 homens e 4 150 475 mulheres) em 2001 para 10 027 254 em 2012.[31]

Nos últimos cinquenta anos, a população boliviana triplicou, atingindo uma taxa de crescimento populacional de 2,25% ao ano. O crescimento da população nos períodos intercensitários (1950-1976 e 1976-1992) foi de aproximadamente 2,05%, enquanto que entre o último período, 1992-2001, atingiu 2,74 % ao ano. A Bolívia tem uma população jovem. Segundo o censo de 2011, 59% da população tem entre 15 e 59 anos de idade e 39% tem menos de 15 anos de idade. Quase 60% da população do país tem menos de 25 anos de idade.

Aproximadamente 62% dos bolivianos vivem em áreas urbanas, enquanto os restantes 38% em áreas rurais. A maior parte da população (70%) está concentrada nos departamentos de La Paz, Santa Cruz e Cochabamba, no chamado "eixo central" e na região dos Llanos. Na região andina do Altiplano, os departamentos de La Paz e Oruro mantêm o maior percentual populaacional; na região do vale, o maior percentual é dos departamentos de Cochabamba e Chuquisaca, enquanto na região dos Llanos, por Santa Cruz e Beni. A nível nacional, a densidade populacional é de 8,49, com variações marcantes entre 0,8 (Departamento de Pando) e 26,2 (Departamento de Cochabamba).

Segundo a Organização Internacional para as Migrações, aproximadamente 1,6 milhão de bolivianos emigraram para o exterior em busca de melhores condições de vida.[32] Os países de migração tradicional têm sido a Argentina, Brasil, Chile e os Estados Unidos. No entanto, na década de 1990, boa parte da migração boliviana se direcionou para a Espanha, onde estima-se que residam 230 mil emigrantes bolivianos.[33]

Maiores cidades

Composição étnica

A composição étnica da Bolívia é muito variada. O maior dos grupos nativos são quíchuas (2,5 milhões), aimarás (2 milhões), chiquitanos (180 mil) e guaranis (125 mil). A população ameríndia compõe 55% da população; os restantes 30% são mestiços (entre ameríndios e brancos) e cerca de 15% são brancos.[34]

Mulheres no centro de La Paz

Os nativos podem ser andinos, como os aimarás e os quíchuas (que formaram o antigo Império Inca), que se concentram principalmente nos departamentos ocidentais de La Paz, Potosí, Oruro, Cochabamba e Chuquisaca. Há também uma importante população de etnia oriental, composto pelos guaranis e moxos, entre outros, e que habitam os departamentos de Santa Cruz, Beni, Tarija e Pando. Os povos indígenas compõe cerca de 60% da população do país. Os mestiços são distribuídos em todo o país e compunham a 26% da população boliviana. A maioria das pessoas assume sua identidade mestiça e, ao mesmo tempo, identificam-se com uma ou mais culturas nativas.

Os brancos estão geralmente concentrados nas maiores cidades, como La Paz, Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba, mas também em algumas cidades menores, como Tarija. No Departamento de Santa Cruz existe uma importante colônia (com 70 mil habitantes) de menonitas de língua alemã.[35] Os brancos representam 15% da população boliviana total. Há um pequeno número de cidadãos europeus da Alemanha, França, Itália e Portugal, bem como provenientes estrangeiros de outros países da América, como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Estados Unidos, Paraguai, Peru, México e Venezuela, entre outros. Há também importantes colônias de peruanos em La Paz, El Alto e Santa Cruz de la Sierra. Asiáticos são principalmente descendentes de japoneses (14 mil), chineses (4.600), coreanos e libaneses.

Bolivianos negros, descendentes de escravos africanos que chegaram nos tempos do Império Espanhol, habitam o departamento de La Paz, e localizados principalmente nas províncias de Nor Yungas e Sud Yungas. A escravidão foi abolida na Bolívia em 1831.[36]

Idiomas

Ver artigo principal: Idiomas da Bolívia
Distribuição geográfica dos idiomas nativos do país

A Bolívia tem grande diversidade linguística, como resultado de seu multiculturalismo. A Constituição da Bolívia reconhece 37 línguas oficiais, além do espanhol. Assim, é o segundo Estado com o maior número de idiomas oficiais no mundo,só perdendo para a Índia,que tem 46. Estas incluem as línguas das nações indígenas nativas, como quíchua, aimará e guarani.[37]

O espanhol é a língua oficial mais falada no país, de acordo com o censo de 2001, uma vez que é falado por 88,4% da população como primeira língua ou segunda língua, em algumas populações indígenas. Todos os documentos legais e oficiais emitidos pelo Estado, incluindo a constituição, as principais instituições públicas e privadas, a mídia e as atividades comerciais são feitas em espanhol.[38]

As principais línguas indígenas são: quíchua (28% da população no censo de 2001), aimará (18%), guarani (1%) e outros (4% ), incluindo o idioma moxo, no departamento de Beni.

O inglês e e o português também são falados por pequenas percentagens da população, este último principalmente nas áreas próximas com a fronteira com o Brasil.

Religião

Igreja católica no centro histórico de Sucre

A Bolívia é um Estado secular e garante a liberdade de religião. A Constituição estabelece que: "O Estado respeita e garante a liberdade de religião e de crenças espirituais, em concordância com sua visão de mundo. O Estado é independente da religião."[39]

De acordo com o censo de 2001 realizado pelo Instituto Nacional de Estatística da Bolívia, 78% da população boliviana seguia o catolicismo romano, enquanto 19% o protestantismo e outros 3% têm diferentes crenças cristãs.[40] O protestantismo, juntamente com as crenças tradicionais indígenas[41][42] estão se expandindo rapidamente.[43]

A maior parte da população indígena segue religiões diferentes marcados pelo sincretismo com o catolicismo romano ou complementa-as com a sua própria visão de mundo e tradições antigas. O culto à Pachamama[44] ou "Mãe Terra" , bem como a adoração à Virgem de Copacabana, Virgem de Urkupiña e Virgem de Socavon, são notáveis​​. Há também comunidades aimarás importantes perto do Lago Titicaca que têm uma forte devoção a Santiago Maior.[45] Outras divindades cultuadas na Bolívia incluem Ekeko, o deus aimará da abundância e prosperidade, cujo dia é comemorado todo 24 de janeiro. E Tupã, um deus do povo guarani.

Cerca de 3% da população do país se identifica como agnóstico ou ateu.[46]

Política

Ver artigo principal: Política da Bolívia
Palacio Quemado, em La Paz, sede do Poder Executivo do país.

A constituição da Bolívia de 1967, revista em 1994, prevê um sistema equilibrado entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. O tradicionalmente forte executivo, no entanto, tende a deixar na sombra o Congresso, cujo papel está em geral limitado a debater e aprovar legislação originária do executivo. O judiciário, composto pelo Supremo Tribunal e por tribunais departamentais e inferiores, é há muito corroído por corrupção e ineficiência. Através de revisões na constituição, feitas em 1994, e de leis subsequentes, o governo iniciou reformas potencialmente profundas, nos sistema e processos judiciários.

Os nove departamentos da Bolívia receberam maior autonomia pela lei de Descentralização Administrativa de 1995, embora os principais dirigentes departamentais continuem a ser nomeados pelo governo central. As cidades e vilas bolivianas são governadas pelos presidentes de câmara e por conselhos diretamente eleitos.

Palácio da Corte Suprema de Justiça, em Sucre, a sede do Poder Judiciário na Bolívia.

Em 5 de dezembro de 2004, foram realizadas eleições dos membros dos conselhos municipais, com mandato de 5 anos. A Lei de Participação Popular, de Abril de 1994, que distribui uma porção significativa das receitas nacionais entre as autarquias, para seu uso discricionário, permitiu que comunidades anteriormente negligenciadas obtivessem grandes melhoramentos nas suas infra-estruturas e serviços. Apesar desse sistema, a Bolívia apresenta problemas de ordem socioeconômica muito intensos, agravados pela pobreza da maior parte do país.

A Bolívia é oficialmente um Estado unitário democrático organizado segundo a separação de poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Eleitoral) e de maneira descentralizada e presidencialista. O Estado se rege segundo a Constitução Política da Bolívia[47] aprovada em 7 de fevereiro do ano de 2009, que entrou em vigor neste mesmo ano.

O poder executivo é encabeçado pelo presidente da república. Este cargo é exercido por Evo Morales Ayma, membro do partido Movimiento al Socialismo. O executivo é, tradicionalmente, o poder mais forte na política boliviana, tendendo a deixar em segundo plano a participação do congresso, cuja atividade se limita a debater e a aprovar as iniciativas legislativas do presidente. O presidente da Bolívia, eleito a cada cinco anos, é chefe de estado e de governo e nomeia o gabinete de ministros.

O Poder Legislativo constituído por duas câmaras, é presidido pelo vice-presidente do governo, atualmente Álvaro García Linera. A Câmara de Senadores tem 27 membros, três representantes de cada departamento, dois deles do partido que recebe a maioria de votos e o terceiro do partido que ficou em segundo lugar. Os senadores são eleitos de listas partidárias para um período de cinco anos. A idade mínima para candidatar-se a tais cargos é de 35 anos. A Câmara de Deputados tem 130 membros: 68 deputados são eleitos por votação direta para representar um distrito eleitoral e os outros 62 são eleitos por representação proporcional por meio de listas de cada partido em distrito único de todo o país. Os deputados também tem um mandato de cinco anos e devem ter no mínimo 25 anos completos no dia da eleição.

Os membros da Corte Suprema da Bolívia são eleitos para um mandato de dez anos pelo Congresso Nacional.

Relações internacionais

A história da política exterior boliviana é marcada por conflitos com países vizinhos, como o Chile, Peru e Paraguai. A Bolívia chegou a perder territórios para estes três países através de guerras, como a Guerra do Pacífico (século XIX) e a Guerra do Chaco. A Bolívia também perdeu territórios para o Brasil, que incluiu enfrentamentos militares sem que ocorresse uma guerra formal. Atualmente a Bolívia ainda mantém disputas fronteiriças e reivindicações territoriais com Chile e Peru. Estas reivindicações territoriais mantém algum grau de tensão política permanente com estes dois países vizinhos.

A política exterior atual reflete uma marcada tendência a metas tais como o desenvolvimento social, a luta contra a pobreza, a modernização institucional, a captação de cooperação externa e investimentos estrangeiros e o combate ao narcotráfico.

Evo Morales durante a Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) em 2006

No campo da integração comercial, o país busca desempenhar um rol especial nos esforços para a conformação de um espaço integrado entre a Comunidade Andina e o Mercosul. Na área da integração energética, o país aspira converter-se no centro de distribuição e integração energética na América do Sul. Por último, na área da integração física, executam-se ações que se orientam ao desempenho de um papel significativo na união dos oceanos Pacífico e Atlântico, mediante a planificação dos corredores de exportação.

É país membro das Nações Unidas e de alguns de seus organismos especializados e programas afins, como a OEA, a Comunidade Andina de Nações, Intelsat, o Movimento de Países Não Alinhados, a União Interparlamentar Internacional, a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), a Organização Mundial do Comércio, o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, o Grupo do Rio, o Pacto Amazônico e da UNASUL.

Como resultado da Cúpula das Américas realizada em 1994, a Bolívia foi sede de uma conferência cúpula hemisférica para o desenvolvimento sustentável em dezembro de 1996.

A política exterior da Bolivia tem um forte viés político-diplomático regional e um importante componente econômico-comercial, já que teve uma participação mais ativa na Organização dos Estados Americanos (OEA), o Grupo do Rio, tem uma histórica relação com a CAN e vem se tornando mais importante sua relação com o Mercosul, havendo firmado com este um acordo de associação em 1996. A Bolívia promove suas políticas de desenvolvimento sustentável e em prol da habilitação do povo indígena.

A Bolívia pertence à Comunidade Andina de Nações (CAN), uma organização regional econômica e política com entidade jurídica internacional criada pelo Acordo de Cartagena em 26 de maio de 1969. Tem sede em Lima, Peru. A debilitação da CAN, principalmente pela saída da maior economia do bloco, a Venezuela (em 2006) e ao fortalecimento do processo de aproximação comercial com o Mercosul, especialmente com o Brasil, somado ao aumento da influência política venezuelana e brasileira sobre o atual governo da Bolívia, existe uma forte intenção do governo em integrar-se definitivamente ao Mercosul.[48]

Subdivisões

Ver artigo principal: Departamentos da Bolívia

A Bolívia se subdivide em nove departamentos, 112 províncias, 327 municípios e 1.384 cantões, os quais obtiveram maior autonomia com a Lei da Descentralização Administrativa de 1995[nota 1].

Os governadores de cada departamento (chamados prefeitos) são eleitos democraticamente porém com regras diferentes das eleições nacionais e municipais. A variação consiste em que o candidato mais votado, seja por maioria simples ou absoluta, será eleito automaticamente prefeito. Alguns acreditam que, apesar das mudanças operadas, o processo de descentralização boliviano é incompleto, já que a Assembleia Constituinte é quem deixará claro os poderes e limitações dos prefeitos eleitos pela primeira vez pelo voto direto.

Os municípios são governados por prefeitos e conselhos eleitos diretamente pelo povo. Os municípios ocupam o terceiro-nível de subdivisões administrativas e abaixo deles, a Bolívia é dividida em cantões (cantones) que correspondem ao quarto-nível.

Divisão política
Departamento População Superfície (km²) Densidade (*) Capital
Bolivian.jpg
República da Bolívia 10.027.644 1.098.581 9,1 Sucre
Flag of Beni.svg Beni 430.049 213.564 1,9 Trinidad
Flag of Chuquisaca.svg Chuquisaca 631.062 51.524 11,9 Sucre
Flag of Cochabamba.svg Cochabamba 1.786.040 55.631 22,7 Cochabamba
Flag of La paz.svg La Paz 2.756.989 133.985 19,9 La Paz
Flag of Oruro.svg Oruro 444.093 53.558 8,2 Oruro
Flag of Pando.svg Pando 75.335 63.827 1,1 Cobija
Flag of Potosí.svg Potosí 780.392 118.218 6,5 Potosí
Flag of Santa Cruz.svg Santa Cruz 2.626.697 370.621 7,1 Santa Cruz de la Sierra
Flag of Tarija.svg Tarija 496.988 37.623 12,5 Tarija
(*)= Todos os dados de população são projeções do Instituto Nacional de Estadística de Bolivia (INE) para 2008 [2]. A densidade departamental está calculada com a projeção da população de 2006.

Outras cidades importantes são (por departamento): La Paz: El Alto 827.000, Cochabamba: Quillacollo 90.000 Sacaba 127.000, Tarija: Yacuiba 90.000, Santa Cruz: Montero 90.000, Beni:
Riberalta 78.000.

Economia

Ver artigo principal: Economia da Bolívia
Sede do Banco Central da Bolívia, em La Paz.

Em 2012 estimou-se um produto interno bruto (PIB) da Bolívia de 27,4 bilhões de dólares e de 56,14 bilhões de dólares em paridade do poder de compra (PPC). O crescimento econômico do país foi estimada em cerca de 5,2% e a inflação em cerca de 6,9 ​​%. A Bolívia foi classificada como "reprimida" pelo Índice de Liberdade Econômica de 2010.[49] Apesar de uma série de contratempos, em sua maioria políticos, entre 2006 e 2009 o governo de Evo Morales estimulou o crescimento mais elevado dos últimos 30 anos, que foi acompanhado por uma diminuição moderada na desigualdade de renda.[50] Com um orçamento excedente de 1,7% do PIB em 2012, o governo mantém excedentes desde o início da administração Morales, refletindo uma gestão econômica prudente.

Um duro golpe para a economia boliviana veio com uma queda drástica no preço do estanho durante o início dos anos 1980, o que impactou uma das principais fontes de renda do país e uma das suas principais indústrias de mineração.[51] Desde 1985, o governo boliviano tem implementado um programa de longo alcance de estabilização macroeconômica e de reformas estruturais destinadas a manter a estabilidade dos preços, criando condições para um crescimento sustentado e um alívio na escassez. A grande reforma dos serviços aduaneiros tem melhorado significativamente a transparência nesta área. Reformas legislativas paralelas têm feito políticas liberais para o mercado local, especialmente nos setores de hidrocarbonetos e telecomunicações, o que tem incentivado o investimento privado.[52]

A Bolívia tem a segunda maior reserva de gás natural na América do Sul.[53] O governo tem um contrato de venda de longo prazo para vender gás natural para o Brasil até 2019 e realizou um referendo obrigatório em 2005 sobre a Lei de Hidrocarbonetos.

Plantação de arroz próxima a Caranavi

O Serviço Geológico dos Estados Unidos estima que a Bolívia tenha 5,4 milhões de toneladas cúbicas de lítio, que representam entre 50 e 70% das reservas mundiais. No entanto, a mineração desse recurso implicaria em perturbar os desertos de sal do país (como o Salar de Uyuni), uma importante característica natural que impulsiona o turismo na região. O governo não quer destruir essa paisagem natural única para atender a crescente demanda mundial de lítio.[54] Por outro lado, uma forma de extração sustentável do mineral é tentada pelo governo. Este projeto é realizado pela empresa pública "Recursos Evaporíticos", subsidiária da Corporación Minera de Bolivia (COMIBOL).

O governo da Bolívia dependia fortemente da ajuda externa para financiar projetos de desenvolvimento e para sustentar a máquina público. Como resultado, no final de 2002, o governo devia 4,5 bilhões de dólares para seus credores estrangeiros, sendo 1,6 bilhão de dólares deste valor devido a outros governos e a maior parte do saldo devedor de bancos multilaterais de desenvolvimento. A maioria dos pagamentos a outros governos foram remarcadas em várias ocasiões desde 1987, através do mecanismo do Clube de Paris. Os credores externos estão dispostos a fazer isso, porque o governo boliviano conseguiu em geral atingir as metas monetárias e fiscais estabelecidas pelos programas do Fundo Monetário Internacional (FMI) desde 1987, apesar de crises econômicas terem minado normalmente os bons índices econômicos do país. Em 2013, no entanto, a ajuda externa se tornou apenas uma fração do orçamento do governo, graças à arrecadação de impostos, principalmente pelas rentáveis exportações de gás natural ​​para o Brasil e Argentina.

A renda do turismo tem se tornado cada vez mais importante, sendo que a indústria turística da Bolívia tem apresentado crescimento gradualmente desde cerca de 1990.

Infraestrutura

Transportes

Rota 4 na no departamento de Oruro, com o Nevado Sajama ao fundo

O território da Bolívia está comunicado por vários meios de transporte.

O país possui quatro aeroportos internacionais: Aeroporto Internacional Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, Aeroporto Internacional Jorge Wilstermann, em Cochabamba, Aeroporto Internacional de El Alto, em La Paz e o Aeroporto Internacional Juan Mendoza, em Oruro.[55] Existem ainda, outros 855 terminais aéreos pequenos e aeródromos com pistas pavimentadas ou de terra, situados em distintas localidades do país.[56]​ As principais linhas aéreas nacionais são Amaszonas, Ecojet, Boliviana de Aviación (BOA) e Transporte Aéreo Militar (TAM).

O sistema fluvial com mais de 14 000 quilômetros de rios navegáveis e uma série de portos marítimos situados nos diversos países com os que tem convênios de navegação, como Peru e Chile no Oceano Pacífico, e Argentina, Brasil e Paraguai com a hidrovia Paraguai-Paraná com saída ao Oceano Atlântico.

O sistema terrestre com mais de 49 900 km de rodovias e arredor de 4 600 km pavimentados formada por várias rotas nacionais, o resto de rodovias é de cascalho ou terra. Além de contar com um ramal da Rodovia Pan-americana que cruza todo o altiplano conectando-se assim com os países limítrofes. Conta assim mesmo com um sistema ferroviário dividido em duas redes: a Rede Oriental com 1 222 km, que se conecta com o Brasil e a Argentina e a Rede Ocidental com 2 318 km de longitude, que une o país com o Peru e o Chile.

Educação

Símbolo da Universidade de São Francisco Xavier de Chuquisaca em Sucre, fundada em 1624.
Ver artigo principal: Educação na Bolívia

A educação na Bolívia, assim como outros aspectos na vida dos bolivianos, tem uma divisão entre a área rural e a urbana. O analfabetismo rural se mantém alto, mesmo que o resto do país tenha aumentando o índice de alfabetização. Essa diferença é causada parcialmente pelo fato de que muitas crianças vivendo em áreas rurais são forçadas a contribuir economicamente para a renda familiar e, assim, torna-se muito mais improvável que frequentem a escola. Na média, as crianças da área rural frequentam a escola por 4,2 anos[carece de fontes?], enquanto as crianças da área urbana recebem educação por uma média de 9,4 anos. Uma diferença de gêneros também existe. O índice de alfabetização do país é de 86,7% é comparavelmente menor que os outros países da América do Sul.[carece de fontes?]

Os problemas da educação da Bolívia não são necessariamente atribuídos à falta de fundos. O país reserva 23% do seu orçamento anual para gastos educacionais, um percentual maior do que a maioria dos outros países da América do Sul, apesar de ter um orçamento nacional menor.

Uma reforma fez algumas mudanças significativas. Iniciada em 1994, a reforma descentralizou os fundos para educação para se adequar às diversas necessidades locais, melhorar o treinamento de professores e o currículo, formalizar e expandir a educação bilíngue e modificar o sistema de séries escolares. A resistência da união de professores, entretanto, tem atrasado a implementação de algumas partes da reforma.

Energia

A eletricidade gerada na Bolívia é proveniente de usinas hidrelétricas (42%) e termoelétricas (58%). O balanço energético de 2008 foi positivo, com uma geração do Sistema Interligado Nacional (SIN) de 5.372 GWh e um consumo nacional de 5.138 GWh. O potencial hidrelétrico é de 39.850 MW, que pode ser exportados para países vizinhos.[57]

Em 2015, a Bolívia possuía a terceira maior bacia de gás natural da América do Sul, superada apenas pela Argentina e Venezuela, e a 31ª maior bacia de gás natural do mundo, com um total de 750,400 milhões de metros cúbicos em 2015. Em 2017, o país produziu 20,510 bilhões de metros cúbicos, ficando atrás de Argentina, México e Venezuela em comparação com os países da América Latina.[58]

A economia boliviana é fortemente dependente da produção do gás natural. Boa parte desta produção é destinada à exportação, com o Brasil sendo o principal mercado consumidor do gás natural boliviano, desde 1999. Cerca de 50% do gás natural produzido pela Bolívia é importado para o Brasil, mas essa relação de importação para o mercado brasileiro vem diminuindo nos últimos anos, em parte pelo início das exportações de gás natural à outras localidades, como o Paraguai e a Europa.[59][60] Em 2013, o país atingiu seu recorde ao faturar US$ 6,059 bilhões em exportações de gás natural.[61]

Telecomunicações e mídia

O sistema de telecomunicações boliviano cobre a maior parte do território do país. Conforme dados de julho de 2015, há mais de 881 mil linhas de telefonia fixa e cerca de 10,163 milhões de assinantes de telefonia móvel. O número de usuários de internet excede 4,1 milhões, mas a taxa de penetração de serviços de informática é uma das menores da América Latina, uma vez que apenas 45,1% dos bolivianos possuem acesso à internet.[62]

Em dezembro de 2013, o primeiro satélite espacial da Bolívia, chamado TKSAT-1 "Túpac Katari", com órbita geoestacionária na posição 87,2° oeste, foi colocado em órbita. Até à data, transmite sinais nacionais e internacionais de televisão e rádio, utilizando o sistema DTH e a Internet para todo o país, servindo também a outras formas de telecomunicações. A expectativa de vida útil do satélite é de 15 anos, tendo sido adquirido da China.[63] O Túpac Katari 1 está equipado com 26 transponders em banda Ku, 2 em banda C e 2 em banda Ka[63][64] para fornecer telefonia, televisão, internet e telemedicina. Sua cobertura é extensa, cobrindo, além da Bolívia, o Peru, Equador, Colômbia, Paraguai, Uruguai e Venezuela.[65]

Cultura

A Diablada, uma dança tradicional do Carnaval de Oruro e um Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade desde 2001

A cultura boliviana tem sido fortemente influenciada pelos quíchuas, aimarás, bem como pelas culturas populares da América Latina como um todo. O desenvolvimento cultural é dividido em três períodos distintos: pré-colombiano, colonial e republicano. Ruínas arqueológicas importantes, ornamentos de ouro e prata, monumentos de pedra, cerâmica e tecelagem permanecem de diversas culturas pré-colombianas importantes. Grandes ruínas incluem Tiwanaku, Forte de Samaipata, Inkallaqta e Iskanawaya. O país é rico em outros sítios que são difíceis de alcançar e tem tido pouca exploração arqueológica.[43]

Os espanhóis trouxeram sua própria tradição da arte religiosa que, nas mãos de construtores e artesãos indígenas e mestiços locais, desenvolveram em um estilo rico e distintivo da arquitetura, pintura e escultura conhecida como "Barroco Mestiço". O período colonial produziu não apenas as pinturas de Pérez de Holguín, Flores, Bitti e outros, mas também as obras de artesãos qualificados, mas desconhecidos. Um importante corpo de música religiosa barroca nativa do período colonial foi recuperada e foi realizado internacionalmente, com grande êxito desde 1994.[43]

Entre os artistas bolivianos de estatura no século XX estão Guzmán de Rojas, Arturo Borda, María Luisa Pacheco, Roberto Mamani Mamani, Alejandro Mario Yllanes, Alfredo da Silva e Marina Núñez del Prado.

A Bolívia tem um folclore rico. Sua música folclórica regional é distintiva e variada. As danças diabladas no carnaval de Oruro, que acontece anualmente, é um dos grandes eventos folclóricos da América do Sul e um Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, como proclamado pela UNESCO em maio de 2001.[43]

O entretenimento inclui o futebol, que é o esporte mais popular do país, assim como o futebol de mesa, que é jogado nas esquinas por crianças e adultos.

O Patrimônio Cultural da Bolívia é formado por todos os bens culturais, tangíveis e intangíveis. O Estado boliviano reconhece a formação pluricultural, multiétnico e pluri-linguística da nação boliviana e tem como uma de suas funções mais importantes preservar e proteger igualmente a herança cultural de todas as culturas e nações que se desenvolveram e ainda se desenvolvem na Bolívia.[43]

Feriados

Data Nome
1 de janeiro Ano novo
Data móvel "Religiosa" (Semana anterior a Quaresma) Carnaval (2 dias)
19 de março Dia dos pais
23 de março Dia do mar
12 de abril Dia das crianças
Data móvel "Religiosa" (Semana Santa) Sexta-feira santa
1 de maio Dia do trabalho
27 de maio Dia das mães
15 de junho Corpus Christi
6 de agosto Aniversário do país
2 de novembro Dia de Todos-os-Santos
25 de dezembro Natal

Ver também

Notas

  1. No marco da Lei da Descentralização Administrativa (Decreto Supremo 24.206 de 29 de dezembro de 1995) modificou-se a estrutura organizacional do Estado e a distribuição dos ingressos (a distribuição de ingressos é proporcional à população do departamento), transferindo responsabilidades, obrigações direitos para os poderes executivos departamentais, constituídos pela prefeitura e pelo conselho departamental. Segundo esta Lei de Descentralização Administrativa, as prefeituras tem autonomia de gestão administrativa, técnica e financeira, patrimônio próprio e definição indefinida. Seu objetivo geral é promover o desenvolvimento econômico e social dos departamentos mediante o planejamento regional, a realização de estudos de base, a formulação de programas e projetos, atuando também em diferentes setores do desenvolvimento regional, e concentrando seus investimentos nos campos da infraestrutura viária, infraestrutura sóciosanitária, promoção do desenvolvimento agropecuário e rural, e o fomento da pequena e média indústria.

Referências

  1. Em cumprimento ao estabelecido pela Constituição Política do Estado de 2009, deverá ser utilizada em todos os atos públicos e privados, nas relações diplomáticas internacionais, assim como a correspondência oficial a nível nacional e internacional, a denominação Estado Plurinacional de Bolivia, a partir de 18 de março de 2009 (segundo Decreto supremo nº 48, de 18 de março de 2009). A ONU reconheceu a nova denominação oficial do estado boliviano em 7 de abril de 2009.
  2. «Constitución Política del Estado (CPE) - Infoleyes Bolivia». bolivia.infoleyes.com 
  3. «Art. 5 Constitución Política del Estado». 2009. Consultado el 27 de octubre de 2009. «Artículo 5: Son idiomas oficiales del Estado el castellano y todos los idiomas de las naciones y pueblos indígena originario campesinos, que son el aimara, araona, baure, bésiro, canichana, cavineño, cayubaba, chácobo, chimán, ese ejja, guaraní, guarasu’we, guarayu, itonama, leco, machajuyai-kallawaya, machineri, maropa, mojeñotrinitario, mojeño-ignaciano, moré, mosetén, movima, pacawara, puquina, quechua, sirionó, tacana, tapiete, toromona, uru-chipaya, weenhayek, yaminawa, yuki, yuracaré y zamuco.»
  4. Sebrae, Observatório Internacional. «Bolívia : Observatório Internacional Sebrae». ois.sebrae.com.br 
  5. a b c d Fundo Monetário Internacional (FMI), ed. (Outubro de 2014). «World Economic Outlook Database». Consultado em 29 de outubro de 2014 
  6. «Human Development - Indices and Indicators - 2018 Statistical Update» (PDF) (em inglês). Human Development Report (Human Development Report Office) - United Nations Development Programme. Consultado em 23 de setembro de 2018 
  7. «Distribution of family income – Gini index». The World Factbook. CIA. Consultado em 31 de agosto de 2011 
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