Califado Fatímida

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الدولة الفاطمية
Califado Fatímida
909 – 1171

Bandeira de al-Fāṭimiyyūn

Bandeira

Localização de al-Fāṭimiyyūn
Mapa do Califado Fatímida
Continente Ásia e África
Capital Mádia (909–948)
al-Mansuriya (948–973)
Cairo (973–1171)
Governo Califado
Período histórico Idade Média
 • 909 Fundação
 • 969 Fundação do Cairo
 • 1171 Dissolução
Área
 • 969 4 100 000 km2
Precedido por
Sucedido por
Flag of Afghanistan (1880–1901).svg Califado Abássida
Blank.png Emirado Aglábida
Blank.png Reino Rustamida
Flag of Morocco (780 1070) (1258 1659).svg Califado Idríssida
Blank.png Reino Iquíxida
Império Aiúbida Flag of Ayyubid Dynasty.svg
Reino Zirida Blank.png
Califado Almóada Flag of Morocco 1147 1269.svg
Zengidas Blank.png
Emirado da Sicília Rectangular green flag.svg
Reino de Jerusalém Flag of Kingdom of Jerusalem.svg
Principado de Antioquia Armoiries Bohémond VI d'Antioche.svg
Condado de Edessa Blason Courtenay.svg
Condado de Trípoli Armoiries Tripoli.svg
Condado da Sicília Coat of Arms of Roger I of Sicily.svg

O Califado Fatímida foi um califado formado com a ascensão da dinastia dos Fatímidas, uma dinastia xiita ismaelita, de origem árabe,[1] constituída por catorze califas, que reinou na África do Norte entre 909 e 1048 e no Egito entre 969 e 1171.

Origens da dinastia[editar | editar código-fonte]

As origens da dinastia fatímida situa-se no ismailismo, uma corrente do islão xiita que considerava Ismail como o sétimo imã xiita. Os fatímidas alegavam ser descendentes de Fátima, filha do profeta Maomé e do seu marido Ali, o que explica a designação de Fatímidas. Enquanto xiitas opunham-se ao califado sunita dos Abássidas (750–1258).

A dinastia foi fundada por Ubaidalá Almadi no século X. Ubaidalá vivia na cidade síria de Salamiyya, um dos centros a partir dos quais os ismailitas enviavam os seus missionários para os vários pontos do mundo islâmico, com objectivos não só religiosos, mas igualmente políticos. Ubaidalá decidiu deixar esta cidade por motivos obscuros, acabando por se fixar no norte de África, primeiro em Sijilmassa, no sul de Marrocos, e depois na Tunísia, onde um dos seus missionários, Abu Abdalá, tinha alcançado bons resultados no seu trabalho junto dos berberes da tribo dos cutama, ao mesmo tempo que procurava debilitar o poder da dinastia local, os aglábidas.

Abu Abdalá tomou Raqqada, a capital dos aglábidas no ano de 909. Em janeiro de 910 Ubaidalá chegou à cidade, onde tomou os títulos de Mádi e miralmuminim. Rapidamente a dinastia passa a controlar o Magrebe. Em 921 Ubaidalá fixa-se numa nova cidade, Mádia ("a cidade do Mádi"), situada na costa leste da Tunísia, a sul de Sousse. A partir desta cidade Ubaidalá pretendia conquistar o Egito, mas as três expedições militares lideradas pelo seu filho revelaram-se um fracasso.

O poder fatímida herdou dos aglábidas a ilha da Sicília, cujo domínio se revelou difícil. A população local rejeitou dois governadores fatímidas, dado que tinham eleito um governador próprio, ibne Curube, partidário dos abássidas, que fez guerra aos fatímidas. Quando a Sicília foi derrotada, a população local decidiu livrar-se do governador e aceitou o novo governador enviado por Ubaidalá.

Os fatímidas no norte de África[editar | editar código-fonte]

Os primeiros três califas governaram a partir da cidade de al-Mahdiyah, enfrentando algumas dificuldades geradas pelos seus súbditos sunitas e kharijitas, que não estavam dispostos a seguir a doutrina ismailita. Em 948, o terceiro califa, Ismail Almançor, transferiu a capital para a recém-construída al-Mansuriya, situada junto a Cairuão, a antiga capital aglábida.

Os fatímidas no Egito[editar | editar código-fonte]

No dia 1 de julho de 969 o general Jauar, o Siciliano, ao serviço do califa Almuiz Aldim Alá, conquistou o Egito dos iquíxidas. Jauar mandou construir uma nova cidade, Alaíra ("a Vitoriosa"), conhecida no Ocidente como Cairo, perto da localidade de Fostate. Esta cidade tinha como objectivo servir de quartel-general para o exército. É na cidade de Cairo que fundam a famosa Universidade de Alazar e mesquita com o mesmo nome. Foi ainda durante o califado de Almuiz que os fatímidas dominaram as cidades sagradas de Meca e Medina, que permaneceram sob controlo fatímida até ao século XI.

Durante o reinado de Alaziz (r. 975–996) os fatímidas alargaram o seu império até à Síria. Este califa recorreu à prática de recrutar mercenários para integrar o exército, o que se revelaria mais tarde fatal para a dinastia. O seu sucessor, Aláqueme Biamir Alá, ficou conhecido pela sua intolerância religiosa contra judeus e cristãos e pelo seu comportamento excêntrico. Tentou destruir a Igreja Copta do Egito e, em 1010, mandou destruir a Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém. Em 1016, Aláqueme declarou-se Deus; graças à influência do seu vizir Hamzá ibne Ali ibne Amade, se desenvolveria um culto em torno da pessoa do califa que está na origem da religião drusa.

Declínio dos Fatímidas[editar | editar código-fonte]

Foi a partir do final do califado de Aláqueme que se iniciou o declínio dos fatímidas.

Ao estabelecerem-se no Egito, os Fatímidas perdem o controlo sobre o Magrebe, onde em 1014 tinha sido fundado o Reino Hamádida de Bugia. Em 1048 os Ziridas (governadores do Norte de África) rejeitam a soberania fatímida.

Em 1073, um soldado de nome Badir al-Jamali levou a cabo um golpe de estado no Cairo. Al-Jamali concentrou o poder nas suas mãos, tomando os títulos de comandante dos exércitos e vizir. A ordem seria restabelecida, mas as tentativas de manter o domínio sobre a Palestina e a Síria resultariam num fracasso. Badir al-Jamali seria sucedido pelo seu filho; a partir de então os califas fatímidas passaram a ser fantoches nas mãos dos vizires.

Em setembro de 1171, Saladino derrubou o último califa fatímida, Aladide (r. 1160–1171).

A arte fatímida[editar | editar código-fonte]

Na arquitectura os fatímidas utilizaram materiais e técnicas semelhantes aos da dinastia tulúnida, mas ao mesmo tempo que desenvolveram as suas técnicas próprias. Importantes edifícios do período fatímida são a já referida mesquita e universidade de Alazar, bem como as mesquitas de Aláqueme e Alacmar.

Ainda na cidade do Cairo o vizir Badir Aljamali, temendo ataques dos Turcos, mandou reconstruir as muralhas da cidade, ordenando a construção nestas de três portas: a Babe Alfutu (Porta da Conquista) e Babe Alnácer (Porta da Vitória) e a Babe Zuaila (Porta de Zuaila); as duas primeiras foram construídas em 1087 e a última em 1092. Cada um destas portas monumentais era acompanhada por duas torres, cilíndricas no caso da Babe Alfutu e da Babe Zuaila, e rectangular no caso da Babe Zuaila. Nas torres desta última porta erguem-se dois altos minaretes, que pertencem à Mesquita de Almuaiade situada junto à porta.

Lista dos califas fatímidas[editar | editar código-fonte]

  1. Ilahiane, Hsain (2004). Ethnicities, Community Making, and Agrarian Change: The Political Ecology of a Moroccan Oasis (em inglês). [S.l.]: University Press of America. p. 43. ISBN 9780761828761