Filipe VI de Espanha

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Filipe VI
Filipe em 2019
Rei da Espanha
Reinado 19 de junho de 2014
presente
Entronamento 19 de junho de 2014
Antecessor(a) Juan Carlos
Herdeira Leonor, Princesa das Astúrias
 
Esposa Letícia Ortiz Rocasolano
Descendência Leonor, Princesa das Astúrias
Sofia de Espanha
Casa Bourbon
Hino Real Marcha Real
Nome completo
Filipe João Paulo Afonso de Todos os Santos
Nascimento 30 de janeiro de 1968 (51 anos)
  Madrid, Espanha
Pai Juan Carlos de Espanha
Mãe Sofia da Grécia e Dinamarca
Religião Catolicismo[1]
Assinatura Assinatura de Filipe VI

Filipe VI de Espanha (Madrid, 30 de janeiro de 1968) é o rei de Espanha, título pelo qual ostenta a chefatura do Estado e o mando supremo das Forças Armadas.

Foi proclamado ante as Cortes Gerais a 19 de junho de 2014, após se tornar efetiva a abdicação de seu pai.[2]

É o terceiro filho do matrimónio formado por João Carlos I de Bourbon e Sofia de Grécia. Está casado com a plebéia Letícia Ortizrainha consorte, com a qual tem duas filhas: a princesa das AstúriasLeonor, e a infanta Sofia. A 21 de janeiro de 1977, foi-lhe concedido oficialmente o título de príncipe de Astúrias.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascimento[editar | editar código-fonte]

Filipe João Paulo Afonso de Todos os Santos de Bourbon e Grécia — nome de batismo — nasceu em Madrid, em 30 de janeiro de 1968, na clínica de Nossa Senhora do Loreto.[3]

Batismo[editar | editar código-fonte]

A 8 de fevereiro de 1968 foi batizado no Palácio da Zarzuela por monsenhor Casimiro Morcilloarcebispo de Madrid.

Os seus padrinhos foram o João, Conde de Barcelona e a rainha viúva de Afonso XIII, Vitória Eugénia de Espanha, que regressava pela primeira vez a Espanha desde o seu exílio a 14 de abril de 1931. Assistiu também ao batizado o general Francisco Franco, no seu papel de chefe de Estado, assim como outras personalidades públicas.

Os nomes recebidos foram os seguintes:

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Entre os seus ancestrais podemos encontrar distintas concorrências das distintas casas reais da Europa, como são os reis de Espanha, reis de Portugal, reis de França. reis da Grécia, a monarquia britânica, os imperadores da Alemanha.

Estudos[editar | editar código-fonte]

O seu percurso escolar desenvolveu-se, Pré-escolar, Educação Geral Básica e Bacharelato Unificado Polivalente no Colégio Santa Maria dos Rosais de Madrid,[4] procurando no possível ser educado da mesma maneira que o resto dos seus companheiros, sem receber um tratamento especial pelo seu cargo.[5] Em Madrid recebeu lições de inglês e francês.[3]

A 5 de setembro de 1984, após finalizar os seus estudos secundários em Espanha, incorporou-se ao Lakefield College School de Toronto, no Canadá, onde realizou o equivalente ao Curso de Orientação Universitária (COU), uma experiência que também lhe permitiu melhorar o domínio do inglês. Em Toronto, Filipe de Bourbon obteve um prémio especial pelos seus estudos. A 8 de junho de 1985 finalizou aquela formação e tornou a Espanha.[5]

Foi então fazer formação militar, indo em seguida realizar a sua formação académica: Direito na Universidade Autónoma de Madrid (1993) e uma pós-graduação (1995) em Relações Internacionais na Edmund Walsh School of Foreign Service da Universidade de Georgetown, em Washington D. C.[5]

Com uma licenciatura em Direito e uma pós-graduação em Relações Internacionais, Filipe VI é o rei de Espanha com maior formação académica, tendo sido o primeiro na linha de sucessão ao Trono de Espanha.[6]

Filipe VI é poliglota, pois fala com fluidez, desde a sua infância, quatro línguas: espanhol, inglês, francês e catalão.[6]

Carreira militar[editar | editar código-fonte]

Filipe VI, como capitão-geral, numa visita à Brigada «Galiza» VII (2015).
Acreditação desportiva de Filipe de Bourbon.

Recebeu a sua instrução militar sucessivamente na Academia Geral Militar de Saragoça, na Escola Naval Militar de Marín e na Academia Geral do Ar de San Javier. Até à sua proclamação como rei, ostentava as patentes de tenente-coronel do Corpo Geral das Armas do Exército de Terra de Infantaria, capitão de fragata do Corpo Geral da Armada e tenente-coronel do Corpo Geral do Exército do Ar.[7] Aos 18 anos de idade, em 1987, realizou a sua instrução como guarda-marinha no navio-escola Juan Sebastián Elcano.[8]

A partir de 19 de junho de 2014, ao ser proclamado rei, converteu-se em capitão-general das Forças Armadas EspanholasExército de Terra, Armada e Exército do Ar—.[9]

Desporto[editar | editar código-fonte]

O rei, de 1,97 m de altura,[10] pratica desportos como o squash e o esqui. No que respeita ao desporto de vela, em 1989 e 1990 a sua embarcação ficou em primeiro no campeonato de Espanha na classe Soling, e ganhou também a Taça de Espanha. Em 1990 ficou em quinto no campeonato do mundo de vela.[5] As suas classificações no Campeonato Mundial permitiram-lhe ser selecionado a 27 de janeiro de 1992 para participar nos Jogos Olímpicos. A 15 de março de 1992, a sua embarcação alcançou a vitória na Taça de Espanha de vela de classes olímpicas, assegurando assim a sua classificação para as olimpíadas.[5] Nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 foi o abandeirado da delegação olímpica espanhola e participou nos jogos. Terminou na sexta posição na classe soling de vela, pelo que recebeu um diploma olímpico.

Matrimónio e descendência[editar | editar código-fonte]

Os reis, durante a sua visita de Estado ao México (2015).
Filipe e Letícia na boda real de Vitória, princesa de Suécia, e Daniel Westling, em Estocolmo, 2010.

Compromisso[editar | editar código-fonte]

A 1 de novembro de 2003 anunciou o seu compromisso matrimonial com a jornalista asturiana Letícia Ortiz Rocasolano.

Boda[editar | editar código-fonte]

A boda celebrou-se a 22 de maio de 2004 na Catedral da Almudena de Madrid. Ao enlace assistiram chefes de Estado de diversas partes do mundo, assim como personagens públicas de Espanha e do estrangeiro; entre os assistentes encontravam-se os reis de Noruega, Suécia e Dinamarca; o príncipe Carlos de Gales, a rainha Noor da Jordânia, a princesa Carolina do Mónaco, o cantor de ópera Plácido Domingo, o astronauta Pedro Duque, o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela e o prémio Nobel da literatura Mario Vargas Llosa.

Filhas[editar | editar código-fonte]

Filipe é padrinho de baptizado de: o príncipe Constantine Alexios da Grécia e Dinamarca; o príncipe Ernesto Augusto de Hanôver; Filipe Gómez-Acebo e Ponte, o filho do seu primo Beltrán (por sua vez filho da infanta Pilar); Miguel Urdangarin e Bourbon, filho da sua irmã a infanta Cristina; a princesa Ingrid Alexandra da Noruega; o príncipe Vicente da Dinamarca; Isabel de Orleães, filha do príncipe Carlos Filipe de Orleães[11] e a princesa Sofia da Bulgária, filha do príncipe Konstantin-Assen da Bulgária.

Títulos, honras e proclamação[editar | editar código-fonte]

Herdeiro da Coroa desde a proclamação de seu pai como rei, desde 22 de novembro de 1975 até 2014, Filipe recebeu em 1 de novembro de 1977 o título de príncipe das Astúrias, junto com os títulos de príncipe de Girona e príncipe de Viana; correspondentes aos herdeiros dos reinos de Castela, Aragão e Navarra, cuja união formou no século XVI a monarquia espanhola. Ostentava, assim sendo, os títulos de duque de Montblanc, conde de Cervera e senhor de Balaguer.

A 30 de janeiro de 1986, aos dezoito anos, jurou perante as Cortes Gerais fidelidade à constituição e ao rei, assumindo a plenitude do seu papel institucional como sucessor da Coroa.

Em 2 de junho de 2014, o rei João Carlos entregou a sua carta de abdicação. Após a aprovação de uma lei orgânica tal como estabelece o artigo 57.5 do texto constitucional espanhol,[12] ocorrida em 11 de junho de 2014, as Cortes Gerais aprovaram a abdicação de seu pai, com 299 votos a favor, 19 contra e 23 abstenções.[13] Foi proclamado "Rei de Espanha" pelas Cortes Gerais em 19 de junho de 2014.

Atividades em Espanha e no estrangeiro[editar | editar código-fonte]

Desde a conclusão dos seus estudos académicos nos Estados Unidos, Dom Felipe, ao longo de cada ano, atende os compromissos institucionais derivados da sua condição de Herdeiro da Coroa, preside numerosos actos oficiais em Espanha e participa nos acontecimentos mais relevantes dos diferentes sectores e âmbitos da vida pública espanhola.

A partir de outubro de 1995, iniciou uma série de visitas oficiais às comunidades autónomas com o fim de aprofundar no conhecimento de Espanha e facilitar a aproximação aos restantes espanhóis. Mantém periodicamente encontros e reuniões com os órgãos constitucionais e com as principais instituições do Estado com o objectivo de estar ao corrente das suas actividades. Assim, também, a reuniões com distintos organismos da "Administração do Estado e das Comunidades Autónomas" quando assim o requerem as actividades institucionais que desenvolve, tanto nacionais como internacionais.

Recebe em audiências públicas e privadas, um grande número de pessoas com a finalidade de estar informado da realidade nacional e internacional. Especialmente, mantém encontros com pessoas próximas da sua geração e que singularmente destacam-se nos âmbitos político, económico, cultural e dos meios de comunicação.

Quando não assiste o rei, preside anualmente às entregas de despachos aos oficiais e suboficiais das forças armadas. Também participa em exercícios militares dos três Exércitos.

O príncipe herdeiro Felipe

No que se refere às suas actividades no estrangeiro, realizou numerosas viagens oficiais a países europeus e americanos, assim como aos do mundo árabe, Extremo Oriente e Oceânia. Mostra um especial interesse por todos os assuntos relacionados com a União Europeia, Médio Oriente, Norte de África e Ibero-américa. De janeiro de 1996, o príncipe das Astúrias assumiu a representação do Estado nas tomadas de posse dos presidentes ibero-americanos.

Assim sendo, vem desenvolvendo um papel muito activo na promoção dos interesses económicos e comerciais de Espanha e no fomento do conhecimento da língua e cultura espanhola no exterior. Habitualmente, preside às Exposições económicas e comerciais organizadas por Espanha no estrangeiro (Expotecnia, Expoconsumo e Expohábitat) e está especialmente interessado em promover a criação de Centros e Cátedras que difundam a história e a realidade presente em Espanha nas principais Universidades estrangeiras.

Nas demais actividades oficiais, Felipe é o presidente de honra de várias associações e fundações, como a Fundação Codespa, que financia actividades específicas de desenvolvimento económico e social em Espanha, América Latina e outros países, e a secção espanhola da Associação de Periodistas Europeus, que reúne destacados profissionais da comunicação. Entre todas elas, destaca-se especialmente a Fundação Príncipes das Astúrias, presidindo anualmente à entrega dos prémios que levam o seu nome a grande prestígio internacional.

No marco destas instituições que perseguem fins de interesse geral, dirige preferentemente a sua atenção às actividades relacionadas com projectos de desenvolvimento, voluntariado, meio ambiente, projecção da Universidade, participação da Juventude no mundo do trabalho e da empresa, relações entre empresa e sociedade e comunicação social.

Com o motivo da declaração pelas Nações Unidas em 2001, como Ano Internacional do Voluntariado, o seu Secretário Geral, Kofi Annan, declarou em novembro de 2000 ao príncipe Felipe “Eminent Person” (Pessoa Eminente) pela contribuição a nível internacional da difusão da importância dos voluntários.

Proclamação[editar | editar código-fonte]

Filipe VI em evento na Escuela Marina de San Fernando, 11 de julho de 2014.

Filipe VI foi proclamado rei por decreto real de seu pai que entrou em vigor às zero horas do dia 19 de junho de 2014.[14] A proclamação foi anunciada por ato solene no Congresso dos Deputados na mesma manhã.[14]

Títulos e honras[editar | editar código-fonte]

Títulos[editar | editar código-fonte]

Estilo de tratamento de
Filipe VI
Coat of Arms of Spanish Monarch.svg

Estilo Sua Majestade
Estilo alternativo Sua Majestade
Católica
Monograma real de Filipe VI.

Desde o seu nascimento ostentava o tratamento de Infante de Espanha e em 1977, por decreto real, ganhou os títulos históricos de herdeiro dos diferentes reinos espanhóis; por isso recebeu o tratamento de Alteza Real:

Desde 19 de junho de 2014, Filipe VI formalmente ostenta os seguintes títulos:

Condecorações espanholas[editar | editar código-fonte]

Condecorações estrangeiras[editar | editar código-fonte]

Descendência[editar | editar código-fonte]

Os reis da Espanha têm duas filhas:

Leonor possui o título de Princesa das Astúrias e Sofia o título de Infanta de Espanha. Ambas têm o tratamento de Sua Alteza Real.

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Devido à grande quantidade de títulos associados à monarquia espanhola, só se escreviam os mais importantes, terminando a lista com um «etc.» ou «&c.». referindo-se assim a títulos secundários e em desuso. Estes são:
    Rei da Hungria, Dalmácia e Croácia
    Duque de Limburgo, Lotaríngia, Luxemburgo, Güeldres, Estíria, Carníola, Caríntia e Vurtemberga
    Landgrave da Alsácia
    Príncipe da Suábia
    Conde Palatino de Borgonha
    Conde de Artois, Hainaut, Namur, Gorizia, Ferrete e Ciburgo
    Marquês de Oristano e Goceano
    Marquês do Sacro Império Romano e Burgau
    Senhor de Salins, Malinas, a Marca Eslovena, Pordenone e Trípoli.

Referências

  1. «Cerimónia para uma Espanha distinta» 
  2. «Lei Orgânica 3/2014, de 18 de junho, pela qual se torna efetiva a abdicação de Sua Majestade o Rei Dom Juan Carlos I de Bourbon» (PDF). Agência Estatal Boletim Oficial do Estado. Boletim Oficial do Estado n.º 148 de 19 de junho de 2014.: 46396. ISSN 0212-033X. Consultado em 24 de setembro de 2014 
  3. a b «Don Felipe de Bórbon, príncipe das Astúrias». El País. 22 de janeiro de 1977 
  4. «Biografia de Sua Majestade o Rei». Casa de Sua Majestade o Rei de Espanha. Consultado em 13 de dezembro de 2014 
  5. a b c d e «Filipe VI. Rei de Espanha (1968-VVVV)». MCNBiografías.com. 13 de dezembro de 2014 
  6. a b «Especialista e tutores destacam a formação de Filipe de Bourbon». RTVE. 13 de dezembro de 2014 
  7. «O Príncipe ascende a tenente-coronel e a capitão de fragata». El Mundo. 3 de julho de 2007 
  8. «El 'Juan Sebastián de Elcano', ruma ao Rio». El País. 22 de janeiro de 1987 
  9. «O rei Filipe VI recebe a faixa de Capitão Geral dos três exércitos na Zarzuela». Cadena SER. 13 de dezembro de 2014 
  10. Ruiz, Jesús Manuel (14 de julho de 2014). «El Rey Felipe se va de juerga con sus amigos sin Letizia». El Mundo 
  11. Verbo, Eduardo (26 de outubro de 2014). «O enésimo desplante do príncipe Filipe a Luís Afonso de Bourbon». Vanitatis. Consultado em 13 de dezembro de 2014 
  12. «El Rey renuncia y abre el proceso sucesorio». www.gaceta.es 
  13. «Parlamento espanhol aprova abdicação do rei Juan Carlos por ampla maioria». Jornal O Globo. 11 de junho de 2014 
  14. a b El País (19 de junho de 2014). «Así será la proclamación de Felipe VI». Consultado em 19 de junho de 2014 
  15. a b c d e f «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Rei Felipe VI". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 26 de maio de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Filipe VI da Espanha
Casa de Bourbon
Ramo da Casa de Capeto
30 de janeiro de 1968
Precedido por
Juan Carlos
Coat of Arms of Spanish Monarch.svg
Rei da Espanha
19 de junho de 2014 – presente
Incumbente
Precedido por
Afonso
Coat of Arms of Felipe, Prince of Asturias (2001-2014).svg
Príncipe das Astúrias
22 de janeiro de 1977 – 19 de junho de 2014
Sucedido por
Leonor