Episódios dramáticos da inquisição portuguesa

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Episódios dramáticos da inquisição portuguesa

DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 13

quentadores da botica da Rua dos Escudeiros,

considerada pelo visto um perigoso foco de chris^

tãos novos, e alguns dos visinhos do boticário

pertencentes á familia Pestana.

Ê por isso que successivãmente vemos deslisar

perante os inquisidores: Jorge Ribeiro, Luiz

Alvares, Manoel da Costa Martins, António Pes-

tana, Filipa Pestana, João da Costa Cáceres e

Pedro Ribeiro.

A estes acresceram as suas irmãs, Paula de

Castro e Francisca Serrão, presas depois do Poeta,

a 15 de julho de 1673.

É bastante curiosa a forma como a Inquisisição

procedeu com esta ultima. A principio negou

as suas culpas, mas depois d'um anno de

clausura, decidio-se a fazer as suas confissões

e denuncias. Francisca Serrão accusou primeiramente

pessoas indifferentes, e, como António

Serrão tinha sido já preso, logo na segunda audiência

o denunciou, nada dizendo porém acerca

dos sobrinhos, então ainda em liberdade, nem

sobre o seu filho Luiz de Bulhão. Este silencio

porém não agradava aos inquisidores e por isso

sujeitaram-n^a a tormento, fazendo-a sentar no

escabello. Não nos dizem os documentos os gritos

lancinantes que soltou e sabemos apenas

que não poude a pobre velhinha resistir, e forçada

pelas dores denunciou as pessoas, cujas culpas

até ahi occultara. Nem por isso deixou de

ser condenada a cárcere perpetuo e habito penitencial

também perpetuo e ouvio ler a sentença

no auto celebrado no Terreiro do Paço a 10

de Maio de 1682. No mesmo auto sahio a outra

irmã do Poeta: Paula de Castro. Essa foi mais

incontinente de lingua e por isso não foi preciso

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