Descrição de chapéu Folhajus

Ministério Público denuncia policiais rodoviários por morte de Genivaldo

Defesa dos agentes diz que eles não tiveram intenção de matar

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Brasília

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou nesta segunda-feira (10) três policiais rodoviários pela morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado em uma viatura da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em 25 de maio deste ano no município de Umbaúba, em Sergipe.

O caso está sob sigilo e o MPF não informou quais crimes teriam sido cometidos pelos agentes Kleber Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia. Eles respondem em liberdade.

Os três foram indiciados pela PF (Polícia Federal) por abuso de autoridade e homicídio qualificado (asfixia e impossibilidade de defesa da vítima). Os advogados que representam a família de Genivaldo afirmam que a investigação também apontou indícios de tortura e fraude processual.

Ação da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe provoca a morte de Genivaldo de Jesus Santos
Ação de agentes da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe resulta em morte de Genivaldo de Jesus Santos - Reprodução

A denúncia foi feita na 7ª Vara da Justiça Federal em Sergipe. O MPF afirmou que pediu para que o juiz responsável retire o sigilo do processo após analisar a denúncia. Em nota, a defesa dos policiais declarou à reportagem que não houve intenção de matar a vítima.

"Os PRF's afirmam que em momento algum queriam o resultado morte, tampouco anteviram e/ou consentiram. Processo está começando e terão a oportunidade de esclarecer pontos, sobretudo sobre os laudos", disse o advogado Glover Castro, que representa os três agentes.

Em nota, a PRF afirmou que "colabora com as investigações e repudia veementemente quaisquer práticas atentatórias aos direitos humanos". "Lamentamos profundamente o desfecho desta ocorrência, se solidarizando com a dor dos familiares, parentes e amigos de Genivaldo."


A entidade disse ainda que as multas enviadas para a família de Genivaldo "encontram-se sob efeito suspensivo", e que instaurou processo para verificar a regularidade dos autos de infração.

Mesmo morto durante a abordagem policial, Genivaldo recebeu quatro multas de trânsito por infrações que teriam sido cometidas no dia do crime: dirigir veículo usando sandália, conduzir moto sem capacete, dirigir veículo sem possuir CNH e permitir condução por pessoa sem CNH. As infrações totalizam R$ 2.184,45.

Perícia realizada pela PF (Polícia Federal) concluiu que a vítima ficou 11 minutos e 27 segundos no porta-malas da viatura da PRF em contato com gases tóxicos como monóxido de carbono e ácido sulfídrico. As informações foram divulgadas pelo Fantástico e confirmadas pela Folha.

A PF analisou imagens de câmeras de segurança, vídeos gravados por pessoas que estavam no local do crime e reconstituiu o caso. A perícia constatou que Genivaldo não esboçou nenhuma reação à abordagem policial.

Mesmo assim, o laudo aponta que Kleber Nascimento Freitas jogou spray de pimenta ao menos cinco vezes na vítima. Já Paulo Rodolpho Lima Nascimento, segundo a PF, lançou uma granada de gás lacrimogêneo no camburão da viatura.

Os gases liberados pela bomba de gás lacrimogêneo podem ter causado convulsões e incapacidade de respirar. Além disso, o esforço físico intenso e o estresse causados pela abordagem policial forçaram a vítima a acelerar a respiração.

Como mostrou a Folha, os policiais rodoviários Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia também participaram de uma abordagem em que dois jovens afirmam terem sido agredidos e ameaçados. O episódio na mesma cidade, dois dias antes.

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