Com 7 mil euros obrigou censores a assistir a 10 horas de tinta a secar

Como forma de protesto, cineasta obrigou o conselho que classifica e aprova os filmes no Reino Unido a ver e avaliar uma obra de 10 horas que apenas mostra tinta a secar

Um jovem produtor de cinema organizou uma angariação de fundos para obrigar o Conselho Britânico de Classificação de Filmes a ver um filme de tinta a secar durante mais de 10 horas. O ato foi um protesto de Charlie Lyne, que é contra a censura praticada pelo instituto e contra o preço cobrado para submeter uma obra cinematográfica a avaliação, 9 euros por cada minuto de filme.

O filme tem 10 horas e sete minutos e um único cenário: uma parede branca. Não pode ser classificado como filme de ação, pois a única ação presente é a da tinta a secar, mas como tinha de ser classificado à mesma para poder ser exibido em público, foi enviado para os técnicos do conselho.

Na verdade, Charlie Lyne, o cineasta que gravou o filme, ainda não decidiu se quer que o filme seja exibido. O que ele queria, e conseguiu, era obrigar os membros da entidade a vê-lo, segundo o Mashable.

Isto porque, como explicou no vídeo em que pedia que o público apoiasse o seu protesto, submeter um filme ao Conselho Britânico de Classificação de Filmes custa 133 euros, mas o produtor ainda tem de pagar 9,3 euros por cada minuto da película. No fim das contas, obter a classificação de uma peça de 90 minutos no Reino Unido custa cerca de 1300 euros.

Além disso, Lyne acusa este órgão de censura, pois decide o que pode ou não pode ser visto pelo público. Nenhum filme pode ser exibido nos cinemas britânicos sem a aprovação do conselho.

À medida que a a angariação de fundos ia colhendo os furtos, Lyne acrescentava um minuto ao filme. No final, 686 pessoas enviaram 5,963 libras, o equivalente a 7,800 euros, e por isso o filme tem a duração de 607 minutos. O jovem garante que o conselho é obrigado por lei a ver todos os filmes enviados até ao fim.

"Fiquei maravilhado não só pelo montante doado mas também pelo número de pessoas do mundo todo que se envolveram", contou o cineasta. "Não pensei que o projeto fizesse sentido para pessoas de fora do Reino Unido mas acho que a censura é um conceito bastante universal, infelizmente".

Charlie Lyne entregou a gravação do filme pessoalmente e afirmou que tudo decorreu de "modo suave e educado". Um porta-voz do Conselho Britânico de Classificação de Filmes disse em entrevista ao Mashable que "os examinadores são obrigados a ver conteúdos muito variados todos os dias por isso isto não foi muito diferente".

Num comunicado enviado ao Mashable, o conselho afirmou que iria "classificar o filme como qualquer outro submetido". Quanto ao protesto, respondeu que o órgão "foi formado em 1912 pela própria indústria de cinema" para ser "um corpo independente que traz uniformidade à classificação dos filmes nacionais".

A organização garantiu que o objetivo é proteger as crianças e permitir aos pais fazerem escolhas informadas quando selecionarem filmes, mas que a liberdade de escolha é sempre apoiada.

O filme foi classificado como apropriado para todas as idades.

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