Entrevista: Palma Violets
Introduction
Referidos pelo comité do BBC Sound de 2013 e adorados pelo NME, os Palma Violets são indiscutivelmente o grupo de guitarras do momento. Como tal, estivemos a conversar com o Will da banda, que nos falou sobre a rápida ascensão à fama, sobre o que podemos esperar do álbum de estreia, o 180, e ainda sobre a importância vital de se divertirem.
Questions and answers
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Olá Will, como está a correr a digressão?
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Tem sido maravilhoso. Absolutamente maravilhoso. Todas as noites tem sido em grande, mas em Leeds o público foi à loucura. Mesmo antes de subirmos ao palco já alguém tinha começado um “mosh”. Depois, o Chilli mergulhou sobre a plateia e o Sam saltou no meu kit…
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Vocês acabaram de voltar do Japão, certo? Como foi por lá?
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Foi incrível no Japão… Eu sempre quis ir ao Japão. E todo o conceito de digressão é tão diferente lá. Nós estivemos na América e foi porreiro, mas também foi bastante fácil porque nos foi dito onde tínhamos que ir. Quando estávamos no Japão, foi como se tivéssemos voltado a ser criança de novo. Eu perdi o telemóvel e o meu cartão bancário lá, então andava a sair com as pessoas e simplesmente não conseguia entender ninguém. Foi exatamente um completo choque cultural.
O ano passado foi de loucos – e tudo aconteceu muito, muito rápido. Temos imensa sorte em ter tanto apoio e propaganda em torno de nós, porque a dinâmica de tudo isso ainda a eleva mais.
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Enquanto banda, há quanto tempo estão juntos?
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Desde setembro de 2011. Basicamente, o Sam, o Pete e eu andamos na escola juntos, e fomos juntos ao Reading Festival. Estávamos sentados à volta do fogo, com o Sam a tocar guitarra, quando o Chilli ouviu e disse: “Gosto da forma como tocas guitarra.”. Começaram a falar de música e a partir de então ficaram a ser amigos. Um ano mais tarde, quando terminei a escola, foi do género “Queres formar uma banda?”, e envolvemos o Chilli nisso.
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Qual é a história do nome da banda?
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Todos nós na banda gostamos dos doces [Parma Violets] e tínhamos escrito dessa mesma maneira, mas há uma banda na Escócia com o mesmo nome. Então, da primeira vez que fomos vistos, alguns promotores vinham ao concerto, mas os Parma Violets da Escócia estavam a tocar na mesma noite; ou seja, [os promotores] fizeram uma viajem de comboio até a Escócia para perceberem que afinal era a banda errada. (Risos) Tivemos que mudar a ortografia para “Palma” só para não confundir as pessoas!
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Na imprensa musical tem sido referido que o ano 2013 será o retorno da música de guitarra. Como se sentem por serem a cara desse movimento de renascimento?
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É realmente uma honra. Mas na verdade eu tento não pensar muito nisso, por senão toda a pressão vem ao de cima.
A música de guitarra nunca foi embora. Apenas aconteceu que, nos últimos anos a música popular vacilou maciçamente para a música de dança, e as pessoas eram menos propensas a procurar boas bandas de guitarra por elas próprias. No entanto, existem imensas bandas de guitarra boas. Nós somos grandes fãs dos Childhood; são os nossos meninos.
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A NME tem sido especialmente expressiva no suporte dado à banda, atribuindo a ‘Best of Friends’ o galardão de “Música do Ano”. Isso aumenta a pressão sentida?
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Não, isso foi uma grande ajuda. O prémio “Música do Ano” foi uma grande surpresa, porque havia pistas mesmo muto boas lá fora, mas para nós foi do género “Uau, mal posso acreditar que ganhamos nessa categoria”.
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Como funciona o processo criativo entre vocês? É um sistema colaborativo?
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Sim, sem dúvida. Pode ser alguém a surgir com a ideia, mas depois vamos todos juntos para o Estúdio 180 perder algum tempo e a música acaba por sair. Todas as músicas do álbum foram criadas lá, se não fosse por aquele lugar não seriamos a banda que somos hoje, eu acho.
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Os álbuns de estreia são uma declaração de intenções. A teu ver, o que é o 180 diz de vocês?
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Oh, isso é uma boa questão. Na verdade nunca tinha pensado nisso! (Risos) Eu preciso de uma boa resposta aqui, uma que nos vai fazer parecer muito cool… Ok, ok, já sei: este álbum era algo para nós. Nós não viramos parte de uma cena, e não seguimos as regras como todos os outros: nós fizemos o nosso próprio caminho. Deixamos a festa vir até nós!
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O álbum tem um som bastante nostálgico e rock n’ rol. Quais foram os pontos de referência musical para este disco?
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Cada um de nós teve pontos diferentes, porque temos centenas de bandas entre nós. Mas o Nick Cave foi um dos principais: Nick Cave & The Bad Seeds é espantoso. Os The Clash, também. E para mim, indiscutivelmente os The Velvet Underground.
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Foi o Steve Mackey quem produziu o álbum. Foi ele a vossa primeira escolha ou foi alguém sugerido pela Rough Trade?
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Foi alguém sugerido pela Rough Trade porque quando chegou o momento de escolher um produtor, nos não tínhamos noção nenhuma. Tivemos algumas ideias – um casal de produtores americanos – mas depois dissemos “Vamos manter isto apenas em inglês. Vamos fazer algo de que nos orgulhemos.” Depois o Steve veio a um dos nossos concertos entrou em contacto connosco disse-nos “Podemos fazer algo?”
Foi uma coisa nova para ele também: ele apenas queria fazer um álbum rock n’ rol, cru e arrojado. E nos pensamos: “O homem está no Pulp: provavelmente ele sabe do que está a falar, por isso vamos lá enfrente com isto!”
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Como foi trabalhar com ele?
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Incrível, absolutamente incrível. Ele tem um engenheiro de som igualmente bom, e sabiam como capturar o nosso som perfeitamente; como capturar esse tipo de sensação ao vivo. E nós concordávamos. Tentamos outros produtores, mas não funcionou de mesma maneira com eles, ele compreendeu-nos completamente.
Ele era capaz de se sentar e deixar-nos tomar as rédeas, mas certificando-se de que estávamos a tomar as decisões corretas, se é que me entendem? Se quiséssemos tentar algo que ele sabia de antemão que não ia funcionar, ele diria “Sim, vamos tentar isso.”. Assim, depois podíamos dizer que não deu certo; ele deixou-nos cometer erros.
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Se tivesses que escolher uma música do álbum de que te sintas mais orgulhoso, qual seria e porque?
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Para mim a ‘Three Stars’. Estivemos um dia inteiro no estúdio para tentar gravar essas músicas, e não estava a correr bem. Já estávamos de saída quando o Steve disse “Ok, vamos só gravar a “Three Stars” e assim temos uma faixa base para amanhã.” Então fizemos isso, de uma assentada só. Com outras, acrescentamos vocais e outras coisas, mas esta pista está completamente como veio.
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Porque‘Chicken Dippers’?! Está-nos a falhar algum significado duplo subtil?
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Não, não. Quando a editora discográfica veio ao estúdio, a “Chicken Dippers” tornou-se muito cedo uma das nossas músicas fortes, e eles eram do género “Oh, isso é óptimo! Qual delas é?” e nós dizíamos “Chicken Dippers.” E eles “O que?”. Foi basicamente para ter uma música chamada “Chicken Dippers”.
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Ok então! Qual é a melhor coisa de ser um Palma Violets?
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Eu penso que as festas. Tocamos no início, temos bilhetes gratuitos para trazer amigos, e ainda somos pagos!! A coisa toda é escandalosa. (Risos)
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Em que festivais vão estar a tocar este ano?
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Vamos tocar no Benicassim, mal posso esperar por esse, temos imensos amigos que vão a esse. E vamos estar no Coachella. Já viram o alinhamento do Coachella?! É incrível… Eu nem estou preocupado em tocar, a serio. Se vai ser a desgraça, eu sei que ainda consigo passar duas semanas de malucos!
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Qual é o plano para o resto do ano?
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Estamos em digressão até ao Natal, com intermitências, penso eu. E no caminho vamos tentar encontrar algum tempo para escrever músicas.
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Em última instância, o que gostarias de alcançar?
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Penso que seja tentar e deixar as pessoas saber que a ideia de perfeição não devia ser o que te motiva. Ou seja, toda a gente quer ser o melhor nisto, melhor daquilo, o mais rápido nisto. E simplesmente perdem a noção do que realmente importa, que é apenas se divertir ao longo do caminho.