Nepal

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संघीय लोकतान्त्रिक गणतन्त्र नेपाल
(Sanghiya Loktāntrik Ganatantra Nepāl)

República Democrática Federal do Nepal
Bandeira do Nepal
Brasão de armas do Nepal
Bandeira Brasão de armas
Lema: "A mãe e a terra-mãe valem mais que o reino dos céus" (tradução do sânscrito)
Hino nacional: Sayaun Thunga Phool Ka
("Centenas de Flores")
Gentílico: Nepalês, nepalesa

Localização do Nepal

Localização do Nepal
Capital Catmandu
Cidade mais populosa Catmandu
Língua oficial Nepalês
Governo República Federal
 - Presidente Ram Baran Yadav
 - Primeiro-ministro Sushil Koirala
Formação 1093 d.C. 
 - Reino declarado 25 de setembro de 1768 
 - Estado declarado 15 de janeiro de 2007 
 - República declarada 28 de maio de 2008 
Área  
 - Total 147.181 km² (93.º)
 - Água (%) 2,8
 Fronteira República Popular da China (Tibete) e Índia
População  
 - Estimativa de 2012[1] 30 430 267 hab. (41.º)
 - Censo 2003 23 151 423 hab. 
 - Densidade 184 hab./km² (56.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2014
 - Total US$ 66,918 bilhões*[2]  
 - Per capita US$ 2 380[2]  
PIB (nominal) Estimativa de 2014
 - Total US$ 19,637 bilhões*[2]  
 - Per capita US$ 698[2]  
IDH (2013) 0,540 (145.º) – baixo[3]
Moeda Rupia nepalesa (NPR)
Fuso horário NPT (UTC+5:45)
 - Verão (DST) (UTCinexistente)
Cód. ISO NPL
Cód. Internet .np
Cód. telef. +977
Website governamental http://www.nepalgov.gov.np

Mapa do Nepal

Nepal (em nepalês: नेपाल Loudspeaker.svg? [neˈpaːl]) é um país asiático da região dos Himalaias. É limitado a norte pelo Tibete, região autónoma da China e a leste, sul e oeste pela Índia. É um país sem costa marítima. A sua capital é Catmandu. No país, se situa o Monte Everest, o ponto mais alto da terra, com 8 848 metros, na fronteira norte com a China (Tibete).

As principais cidades desta nação são, além da capital, a cidade-lago de Pokhara e Lumbini, onde nasceu Sidarta Gautama, o Buda. Têm grande importância para o turismo, sendo reconhecidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura devido ao valor histórico e por lá se encontrar um grande acervo monumental.

É um país pobre, situado na encosta da cordilheira do Himalaia, no centro da Ásia. Tem uma das maiores densidades demográficas do continente, com 184 habitantes por quilômetro quadrado. A população nepalesa é composta de 12 etnias, que convivem harmoniosamente. A agricultura emprega 90% da mão de obra, tornando o país grande fornecedor de arroz para a região. Em vez de construção de estradas, conter a erosão do solo há séculos tem sido a principal ocupação dos governantes, sendo que o sistema de terraços usados na irrigação do arroz é um desafio aos meios usados no ocidente para conter o mesmo tipo de erosão.

Outrora uma monarquia (absoluta na maior parte da história), o Nepal tornou-se uma república parlamentarista em 2008, após um acordo entre os partidos políticos e as facções guerrilheiras rebeldes, tendo, como pano de fundo, a crescente insatisfação popular com o autoritarismo do último rei, Gyanendra.[4]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A origem do nome do país é idêntica a do nome do povo neuari. Os termos Nepāl, Newār, Newāl e Nepār são formas foneticamente diferentes da mesma palavra e instâncias das várias formas aparecem em textos em diferentes momentos da história. "Nepal" é a forma sânscrita enquanto "Newar" é a forma prácrito.[5] A inscrição sânscrita datado de 512 dC encontrada em Tistung, um vale a oeste de Catmandu, contém a frase "saudações ao Nepals", indicando que o termo "Nepal" era usado para se referir tanto ao país quanto ao povo.[6] [7]

O termo "Newar" referindo-se a "habitante do Nepal" apareceu pela primeira vez em uma inscrição datada de 1654 dC, em Catmandu.[8] O padre jesuíta italiano Ippolito Desideri (1684-1733), que viajou para o Nepal em 1721, escreveu que os nativos eram chamados Newars.[9] Foi sugerido que "Nepal" pode ser um sanscritização de "Newar" ou que o termo pode ser uma forma posterior de "Nepal".[10]

Lendas locais dizem que um sábio hindu chamado "Ne" estabeleceu-se no vale de Catmandu em tempos pré-históricos e que a palavra "Nepal" surgiu para designar que o local era protegido ("pala" em páli) pelo sábio "Ne". De acordo com o Skanda Purana, um rishi chamado de "Ne" ou "Nemuni" costumava viver no Himalaia.[11] No Pashupati Purana, ele é mencionado como um santo e um protetor.[12] Acredita-se que ele praticava meditação nos rios Bagmati e Kesavati[13] e ter ensinado lá.[14]

História[editar | editar código-fonte]

Antiguidade[editar | editar código-fonte]

Lumbini, um Patrimônio Mundial pela UNESCO onde teria nascido Sidarta Gautama, o fundador do budismo, cerca de 563 a.C.

A pré-história do Nepal não é clara até o século VIII a.C. A lenda conta que o vale de Catmandu foi, nas suas origens, um belo lago no qual flutuava uma flor de lótus da qual emanava uma mágica luz. O patriarca chinês Manjushri teria decidido, ante tanta beleza, drenar a água do lago para que a flor pousasse no solo. Para tal, teria se utilizado de sua espada para cortar a parede que fechava o vale e permitir que a água saísse. No lugar em que o lótus teria pousado, o patriarca teria construído um templo (a estupa de Swayambhunath) e uma pequena aldeia de madeira denominada Manjupatan. Se desconhece se esta lenda contém alguma verdade. Mas o certo é que os geólogos comprovaram que o vale já foi coberto de água.

No século VIII a.C., apareceu a cultura quirate, com a invasão destes povos que fundaram, no vale, um reino no qual governaram 28 monarcas, como Yalambar, o mais famoso deles. Os quirates eram avezados comerciantes e ganadeiros. Depois, vieram os Licchavi, procedentes da Índia, que reinaram desde o século IX ao século XII d.C.. Do século XIII ao século XVIII, subiram, ao poder, os Mallas, que consolidaram sua hegemonia no país.

Reino[editar | editar código-fonte]

Realeza do Nepal em 1920.

A meados do século XIX, Jung Bahadur Rana tomou o poder assassinando o monarca legítimo e pondo, em seu lugar, um testa de ferro nomeado por ele. Essa posição de testa de ferro passou a ser hereditária, com o nome de primeiro-ministro Rana. Os Ranas governaram o Nepal durante um século até que, em 1940, uma revolta popular acabou com esta ditadura.

Em 1951, regressou, ao Nepal, o rei Tribhuvan Bir Bikram, que faleceria quatro anos depois. Foi, então, substituído por seu filho Mahendra Bir Bikram Shah. O país ingressou na Organização das Nações Unidas. Em 1959, se promulgou uma nova constituição e celebraram-se as primeiras eleições do país, vencidas pelo Partido do Congresso. Todavia, um ano depois, o monarca acabou com a incipiente democracia, declarando ineficaz o sistema parlamentar. A partir de 1961, proclamou-se um sistema de democracia dirigida sem partidos políticos. Em 1972, morreu o rei. Sucedeu-o seu filho Birendra, que continuou a política de seu pai. Em 1980, uma consulta popular ratificou o poder do rei, desprezando a democracia parlamentar.

Em 1983, o rei nomeou o Nepal como estado de paz e recebeu o respaldo de 37 países. Em 1988, já eram 97 os países respaldando o estado de paz, com exceção da Índia e da União Soviética, que não reconheceram esta zona de paz.

Em 1990, o rei dissolveu a Assembleia e formou um novo governo com K.P. Bhattaral como primeiro-ministro. O monarca apresentou uma nova constituição na qual se estabeleceu a democracia multipartidária. Em 1994, continuou, como chefe de estado, o rei Birendra Shah e, como chefe de governo, Mohan Adhikari.

República[editar | editar código-fonte]

O Partido Comunista do Nepal (Maoísta) ganhou o maior número de assentos na eleição da assembleia constituinte realizada em 10 de abril de 2008 e formou um governo de coalizão que incluiu a maioria dos partidos do parlamento. Embora atos de violência tenham ocorrido durante o período pré-eleitoral, os observadores eleitorais considerara que as eleições em si foram marcadamente pacíficas e "bem-realizadas".[15]

A assembleia recém-eleita se reuniu em Catmandu em 28 de maio de 2008 e, dos 564 membros, 560 votaram para formar um novo governo, sendo que apenas o partido monarquista Rastriya Prajatantra, que teve quatro membros na assembleia, registrou uma posição discordante. O novo governo declarou que o Nepal, a partir de então, tornou-se uma república democrática secular e inclusiva.[16] [17] Posteriormente, o rei foi avisado que deveria desocupar o Palácio Narayanhiti em 15 dias, para que o edifício fosse transformado em um museu público.[18]

Prachanda, líder do Partido Comunista do Nepal (Maoísta), discursando em um comício em Pokhara.

No entanto, as tensões políticas e consequentes batalhas de partilha de poder continuaram. Em maio de 2009, o governo liderado pelos maoistas foi derrubado e outro governo de coligação com todos os principais partidos políticos, exceto os maoistas, foi formado.[19] Madhav Kumar Nepal, do Partido Comunista do Nepal (Marxista-Leninista Unificado), foi feito o primeiro-ministro do novo governo de coalizão.[20] Em fevereiro de 2011, no entanto, o governo de Madhav Kumar Nepal foi derrubado e Jhala Nath Khanal, do mesmo partido, foi feito o primeiro-ministro.[21] Entretanto, em agosto de 2011, o governo de Khanal também foi derrubado e o maoista Baburam Bhattarai foi feito o primeiro-ministro.[22]

Os partidos políticos não foram capazes de elaborar uma nova constituição no tempo estipulado.[23] Isto levou à dissolução da assembleia constituinte, para abrir caminho para novas eleições. Em oposição à teoria da separação dos poderes, Khila Raj Regmi, o então Chefe de Justiça, foi feito presidente do governo provisório. No comando de Regmi, a nação conseguiu ter eleições pacíficas para uma nova assembleia constituinte. As principais forças da assembleia anterior ficaram bem atrás na nova eleição.[24] [25] Em fevereiro de 2014, após o consenso ter sido alcançado entre os dois maiores partidos na assembleia, Sushil Koirala foi empossado como o novo primeiro-ministro nepalês.[26] [27]

Em em 25 de abril de 2015, um terremoto de magnitude 7,8 atingiu abalou o país e foi registrado a uma profundidade de 15,0 km.[28] No total, pelo menos 3800 pessoas foram mortas no Nepal, Índia, Bangladesh e China.[29] [30]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Imagem de satélite do território do país.
Annapurna, parte da cordilheira do Himalaia.

O Nepal é um pequeno país localizado no sul da Ásia, entre a Índia e a República Popular da China (Tibete). O seu tamanho contrasta com uma superpopulação estimada entre 22 e 23 milhões de habitantes. O relevo do país é composto em grande parte pelas altas montanhas da Cordilheira do Himalaia, com vários picos de mais de 6 000 metros de altitude, destacando-se, entre estes, o Monte Everest, o ponto mais alto da Terra. Juntamente com o Everest, o Nepal abriga oito das quatorze montanhas que possuem mais de 8 000 metros de altitude. As demais montanhas são: o Kanchenjunga, o Lhotse, o Makalu, o Cho Oyu, o Dhaulagiri I, o Manaslu e o Annapurna I.

O Nepal é conhecido como "o topo do mundo"[31] . A capital do país, Catmandu, tem aproximadamente 800 mil habitantes. O país divide-se em 14 estados e 75 distritos. A maior parte da população vive em vilas nas montanhas, que são demarcadas por regiões e números. O clima é frio, porém somente nas montanhas há incidência de neve.

O Nepal pode ser dividido em três regiões geográficas distintas: o Terai ao sul, com altitudes entre 400 e 1 000 metros, geográfica e culturalmente semelhante à Índia; a região dos Vales, com altitudes entre 1 000 e 2 000 metros, onde está Katmandu e Pokhara; e a região do Himalaia, com altitudes superiores a 2 000 metros.

Clima[editar | editar código-fonte]

O Nepal segue o regime de monções tendo 3 meses, de meados de junho a meados de setembro, de chuvas. Para quem visita o Terai e a região dos Vales, a chuva não chega a atrapalhar. Já para quem vai fazer trekkings, a época ideal é a primavera (março e abril) e o outono (outubro e novembro), épocas em que a visibilidade das montanhas é ideal e a temperatura não muito fria. Durante o inverno, é possível se fazer trekking, sendo que o único empecilho, contornável com bom equipamento, é o frio.

Vegetação[editar | editar código-fonte]

Localizado na região dos Himalaias, o Nepal conta com uma das maiores diversidades de flora do planeta. A grande diversidade de altitudes, climas e solos dentro de uma pequena extensão de terra gerou esta grande diversidade por quilômetro quadrado. É estimada a existência de aproximadamente 7 000 espécies de flores de plantas no Nepal e aproximadamente 5% delas não nascem em outras regiões do mundo.

Demografia[editar | editar código-fonte]

Mapa dos grupos étnicos do Nepal.

Os nepaleses são descendentes de três grandes migrações da Índia, Tibete, norte da Birmânia e Yunnan, através de Assam. Entre os primeiros habitantes, figuram os Kirat na região leste, Newar do Vale de Katmandu e aborígenes Tharu na região sul do Terai. Os ancestrais das castas Brahman e Chetri da Índia vieram de grupos presentes em Kumaon, Garhwal e Caxemira, enquanto que outros grupos étnicos, como o Gurung Magar, têm as suas origens no norte da Birmânia, Yunnan e Tibete. As etnias Rai e Limbu têm origem no leste, e a etnia Sherpa Bhotia tem origem no norte do país.

No Terai, que faz parte da Bacia do Ganges e que possui 20% da área total do país, a população é física e culturalmente semelhante aos Indo-arianos do norte da Índia. Indo-Arianos e populações da Ásia Oriental misturaram-se com pessoas que vivem na região da colina. As altas montanhas são escassamente povoadas. O Vale de Kathmandu, no meio da região da colina, constitui uma pequena fração da área da nação, mas é a mais densamente povoada, com quase 5% da população.

Apesar da migração de uma parte significativa da população para as planícies do sul ou para o Terai nos últimos anos, a maioria da população ainda vive no Planalto Central. As montanhas do norte são pouco povoadas. Catmandu, com uma população de cerca de 800 000 habitantes (região metropolitana: 1,5 milhões), é a maior cidade do país. A maior religião é o hinduísmo, professado por mais de 80% da população do país. O Nepal é um país multilíngue, multirreligioso e a sociedade é multiétnica.[32]

Cidades mais populosas[editar | editar código-fonte]

Governo e política[editar | editar código-fonte]

Até 1990, Nepal era uma monarquia absoluta que funcionava sob o controle executivo do rei. Enfrentando movimento contrário à monarquia absoluta, o rei Birendra, em 1990, concordou com reformas políticas em grande escala e criou uma monarquia parlamentar, sendo o rei chefe de estado e um primeiro-ministro o chefe do governo.

Singha Darbar, em Catmandu, a sede oficial do governo do país.

A legislatura de Nepal era bicameral consistindo em uma casa de representantes e de um conselho nacional. A casa de representantes consiste em 205 membros eleitos diretamente pelo povo. O conselho nacional tinha sessenta membros, dez nomeados pelo rei, trinta e cinco eleitos pela casa de representantes e os quinze restantes eleitos por um colégio eleitoral composto por representantes das vilas e das cidades. A legislatura teve um mandato de cinco anos, mas foi dissolvida pelo rei antes do término deste período. Todos os cidadãos do Nepal maiores de 18 anos adquiriram o direito ao voto.

O executivo compreendia o rei e o conselho dos ministros (o gabinete). O líder da aliança ou do partido que obtivesse a maioria dos lugares em uma eleição era nomeado como o ministro principal. O gabinete era nomeado pelo rei por recomendação do ministro principal. Os governos do Nepal tendiam a ser altamente instáveis; nenhum governo sobreviveu por mais de dois anos desde 1991, por colapso interno, dissolução parlamentar, pelo monarca ou por recomendação do ministro principal de acordo com a constituição.

O movimento em abril de 2006 trouxe uma mudança na nação. O rei autocrático foi forçado a deixar o poder. A câmara de representantes dissolvida foi restaurada. A câmara de representantes deu forma a um governo que manteve conversações da paz bem sucedidas com os rebeldes maoistas. Uma constituição interina foi promulgada e criada uma câmara de representantes interina com membros maoistas. O número dos assentos foi aumentado para 330. O processo da paz em Nepal deu um grande passo adiante em abril de 2007, quando o Partido Comunista do Nepal (Maoista) se juntou ao governo provisório do Nepal. Depois do acordo de 23 de Dezembro de 2007, foi estabelecida a república em 2008; uma maioria simples do conjunto constituinte, a ser eleita em 2008, votou pela abolição da monarquia. A assembleia constituinte do Nepal decidiu abolir, a 25 de Maio de 2008, a única monarquia hinduísta do mundo e fazer nascer a sua mais nova república, depois de os rebeldes maoistas terem vencido as eleições de 10 de Abril de 2008.

Bandeira[editar | editar código-fonte]

Bandeira nepalesa durante um protesto em Catmandu.

A bandeira do Nepal é atualmente a única bandeira nacional no mundo que não tem uma forma quadrilátera. De acordo com a sua descrição oficial, o vermelho na bandeira representa a vitória na guerra ou a coragem e é também a cor da flor do rododendro, a flor nacional do Nepal. A cor azul da borda significa paz. A Lua curvada é um símbolo da natureza pacífica e calma do Nepal, enquanto o Sol representa a agressividade dos nepaleses guerreiros.

Nepal tem laços estreitos com ambos os seus vizinhos, Índia e China. De acordo com um tratado de longa data, os cidadãos indianos e nepaleses podem viajar para países uns dos outros, sem passaporte ou visto. Cidadãos nepaleses podem trabalhar na Índia, sem restrição legal. O Exército indiano mantém sete regimentos Gorkha constituídos por tropas Gorkha recrutados principalmente do Nepal.

Relações internacionais e forças armadas[editar | editar código-fonte]

Soldado nepalês na Praça Darbar, em Catmandu.

O Nepal tem laços estreitos com ambos os seus vizinhos, Índia e China. De acordo com um tratado de longa data, os cidadãos indianos e nepaleses podem viajar livremente entre os dois países, sem passaporte ou visto. Cidadãos nepaleses podem trabalhar na Índia, sem qualquer restrição legal. No entanto, uma vez que o governo nepalês tem sido dominado por socialistas, enquanto o governo indiano tem sido controlado na maior parte por partidos de direita, a Índia tem remilitarizado a "porosa" fronteira indo-nepalesa para sufocar o fluxo de grupos islâmicos.[33]

O Nepal estabeleceu relações com a República Popular da China em 1 de agosto de 1955 e as relações terem sido baseadas nos "Cinco Princípios de Coexistência Pacífica". O país ajudou a China após o sismo de Sichuan de 2008 e a China prestou assistência econômica para a infraestrutura nepalesa. O Nepal também tem ajudado a reduzir os protestos anti-China da diáspora tibetana.[34]

As forças armadas local consistem no Exército que inclui o serviço aéreo do exército nepalês. A Polícia Nepalesa é a polícia civil, enquanto a Polícia Armada Nepal é a força paramilitar. O serviço militar é voluntário e a idade mínima para o alistamento é de 18 anos. Em 2004, o país gastou 99,2 milhões de dólares com seus militares, ou 1,5% do PIB nepalês. Grande parte dos equipamentos e armas usadas no país são importadas da Índia. Nos novos regulamentos do Exército, soldados do sexo feminino são impedidas de participar de situações de combate e de lutar na linha de frente da guerra. No entanto, elas estão autorizadas a fazer parte do exército em áreas como inteligência, comunicação e operações.[35]

Subdivisões[editar | editar código-fonte]

As 14 zonas em que o Nepal está dividido

O Nepal é dividido em 5 regiões de desenvolvimento, que se dividem em 14 zonas, que se dividem 75 distritos, que se dividem em 3 915 comitês de desenvolvimento de vilas e 58 municípios (esta última denominação é reservada a localidades de caráter mais urbano que rural). Cada distrito é dirigido por um oficial principal fixo do distrito, responsável para manter a lei e a ordem e coordenar o trabalho de agências do campo dos vários ministérios do governo. As 14 zonas são:

Economia[editar | editar código-fonte]

Mapa das principais exportações do Nepal (em inglês).
Terraços agrícolas nos Himalaias.
Comércio de rua em Catmandu.

O Nepal é uma nação pobre, com uma economia baseada na agricultura e no turismo. Cerca de 90% dos habitantes trabalham na agricultura, principalmente no cultivo de arroz. A influência indiana, cada vez mais forte, em pouco tempo originou uma sociedade de castas fortemente indianizada e poderoso centro budista.

O turismo cresce desde que a democracia foi restaurada, em 1990, ajudado pela abolição das restrições a estrangeiros em 18 áreas, a noroeste do país. Lumbini - a terra natal de Buda - e a cidade-lago de Pokhara estão entre as principais atrações.

O produto interno bruto (PIB) do Nepal em 2013 foi estimado em 42,060 bilhões de dólares dos Estados Unidos.[36] Em 2010, a agricultura foi responsável por 36,1% da composição do produto interno bruto, os serviços compreendiam 48,5% e a indústria respondia por 15,4% na mesma composição.[37] Embora a agricultura e a indústria estejam se contraindo, a contribuição do setor de serviços está aumentando.[37] A agricultura emprega 76% da força de trabalho no país, os serviços empregam 18% e a indústria de transformação ocupa 6% dos postos de trabalho.[37] A produção agrícola - principalmente cultivada na região de Terai, na fronteira com a Índia - é predominante o cultivo do chá, arroz, milho, trigo, cana de açúcar e tubérculos. A indústria envolve principalmente o processamento de produtos agrícolas, incluindo a juta, cana de açúcar, tabaco e grãos. A sua força de trabalho sofre de uma grave escassez de mão de obra qualificada.

O crescimento econômico do Nepal continua a ser negativamente afetado pela incerteza política. No entanto, a elevação real do produto interno bruto aumentou em quase 5% entre 2011 e 2012, uma melhoria considerável no crescimento econômico, sendo a segunda maior taxa de crescimento no período pós-conflito.[38] As fontes de crescimento dar-se-ão principalmente na agricultura, na construção civil e outros serviços. A contribuição do crescimento do consumo impulsionado pelas remessas diminuiu desde 2010. Embora o crescimento de remessas tenha diminuído para 11% em 2010, no ano seguinte aumentou para 37%. Estima-se que as remessas sejam equivalentes a 25-30% do produto interno bruto. A inflação correspondeu a 9,5% em 2012.[38]

Aproximadamente 25,2% da população nepalesa vive abaixo da linha de pobreza, conforme dados de 2012 divulgados pelo Banco Mundial. Houve melhoria de 87% com relação ao acesso à fonte de água potável no meio rural, no ano de 2011.[39]

Cultura[editar | editar código-fonte]

O famoso posto de Namche Bazaar Khumbu, na região próxima ao monte Everest. A cidade é construída em uma plataforma que lembra um gigantesco anfiteatro grego.
Meninas hinduístas nepalesas vestidas com roupas típicas durante celebração religiosa. As meninas mais ao alto estão representando os deuses Vixnu e Lakshmi e as duas mais abaixo os deuses Krishna e Radha.

A cultura nepalesa é muito variada, refletindo as diferentes origens étnicas de seu povo. Como cerca de 80% da população é hinduísta, a cultura nepalesa tem muitos costumes, crenças e tradições hindus. Entretanto a influência do budismo, que abrange cerca de 10% da população, é grande. As duas religiões coexistem e ritos hinduístas e budistas que acompanham o nascimento, o casamento e a morte são praticados conjuntamente.

O folclore é uma parte integrante da sociedade nepalesa. Contos folclóricos estão enraizados na realidade do dia a dia. Contos de amor e de batalhas, bem como demônios e fantasmas, refletem o estilo de vida local, bem como suas culturas e crenças. Muitos contos folclóricos nepaleses são contados mediante a integração de dança e música.

Calendário[editar | editar código-fonte]

O ano nepalense começa em meados de abril e está dividido em 12 meses. Sábado é um dia oficial de descanso. Dentre os feriados nacionais estão o Dia Nacional, a comemoração do aniversário do rei (28 de dezembro), o Prithvi Jayanti (11 de janeiro), Dia do Mártir (18 de fevereiro), e uma mistura de festivais hindus e budistas, tais como o festival dashain no outono, e o tihar no final do outono. Durante o tihar, o comunidade Newar também comemora o seu ano-novo por seu calendário local, Nepal Sambat.

Culinária[editar | editar código-fonte]

Pratos da culinária tradicional nepalesa

Como os hinduístas são, em grande medida, vegetarianos, à semelhança do que se passa na vizinha Índia, a culinária nepalesa reflete uma dieta vegetariana. Um prato tipicamente nepalês (alguns ironizam dizendo que é o único prato nepalês) é o dal bhat, cuja base é uma porção de arroz (bhat) branco cozido e uma sopa ou molho muito pouco espesso de lentilhas (dal). Usualmente, pode incluir outros molhos, nomeadamente chetnim (também chamado chutney) e outros ingredientes. Usualmente, é servido num tabuleiro onde se encontram um prato ou tigela de arroz, vários copos com os molhos e sopas, apresentando-se os restantes ingredientes, se existirem, noutras tigelas. Uma das variantes mais populares é o dal bhat tarkari, que, além do arroz e do dal, inclui uma porção de caril de vegetais (tarkari). Além do tarkari, é comum se incluir iogurte e, por vezes, caril de carne, frango, borrego ou peixe. Embora, para muitos paladares pouco acostumados com comida picante, a comida nepalesa possa parecer algo picante, em comparação com outras zonas do sul da Ásia e Extremo Oriente praticamente a comida nepalesa está longe de ser verdadeiramente picante.

Moradias típicas[editar | editar código-fonte]

A maior parte das casas na área rural do Nepal é constituída com uma estrutura de bambu muito resistente e paredes recobertas de barro e uma mistura com esterco de vaca. Este tipo de habitação permanece fresca no Verão e mantém o calor no inverno. As casas nas colinas são normalmente feitas de tijolo cru com thatch, "telhado de telha". Em altas altitudes, as construções mudam para alvenaria e pedra ardósia pode ser utilizada nos telhados.[necessário esclarecer]

Os neuaris[editar | editar código-fonte]

Os neuaris (ou newars), um povo indígena do Vale de Catmandu, exercem grande influência sobre a cultura nepalesa. A música típica neuari é constituída principalmente por instrumentos de percussão, apesar de instrumentos de sopro, tais como flautas e outros similares, também serem utilizados. Instrumentos de corda são muito raros. Existem canções relativas a determinadas épocas do ano e festivais. Existem determinados instrumentos musicais, como dhimay e bhusya, que são reproduzidos apenas de forma instrumental e não são acompanhados de vocal. Também há muitas canções folclóricas conhecidas como geet e lok lok dohari.

As danças neuaris podem ser globalmente classificadas em bailes mascarados e não mascarados. A mais representativa dança é a Lakhey. Quase todas as vilas de neuaris realizam a dança Lakhey pelo menos uma vez por ano, principalmente no mês Goonlaa.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Nepal - Population (em português: Nepal - População (em inglês) CIA - The World Factbook (2012). Visitado em 9 de julho de 2013.
  2. a b c d Fundo Monetário Internacional (FMI): World Economic Outlook Database (Outubro de 2014). Visitado em 29 de outubro de 2014.
  3. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Human Development Report 2014 (em inglês) (24 de julho de 2014). Visitado em 3 de agosto de 2014.
  4. Almanaque Abril (editora Abril), edição 2010 -- pág. 552
  5. Malla, Kamal P. Nepala: Archaeology of the Word. Visitado em 5 de maio de 2011. Page 7.
  6. Malla, Kamal P. Nepala: Archaeology of the Word. Visitado em 5 May 2011. Page 1.
  7. Majupuria, Trilok Chandra; Majupuria, Indra. In: Trilok Chandra. Glimpses of Nepal. [S.l.]: Maha Devi, 1979. p. 8. Página visitada em 2 de dezembro de 2013.
  8. The Newars. Visitado em 5 de maio de 2011.
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  10. Turner, Ralph L. (1931). A Comparative and Etymological Dictionary of the Nepali Language London: Routledge and Kegan Paul. Visitado em 8 de maio de 2011. Page 353.
  11. Dangol, Amrit (6 de maio de 2007). Alone in Kathmandu Alone in Kathmandu. Visitado em 29 de julho de 2009.
  12. Prasad, P. 4 The life and times of Maharaja Juddha Shumsher Jung Bahadur Rana of Nepal
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  16. "Nepal abolishes its monarchy", Al Jazeera, 28 de maio de 2008. Página visitada em 29 de maio de 2008.[ligação inativa]
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