Com Marta, São Paulo elege pela primeira vez uma mulher senadora

Após duas tentativas de retornar à prefeitura de SP, ela volta a vencer eleição majoritária e vai reforçar a bancada do PT

Matheus Pichonelli, iG São Paulo |

A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) se tornou, neste domingo, a primeira mulher senadora eleita por São Paulo, com mais de 8 milhões de votos. Após duas tentativas frustradas de retornar à prefeitura da capital, ela volta a vencer uma eleição majoritária e vai reforçar a bancada petista no Senado a partir de 2011 – ao lado do ex-marido, Eduardo Suplicy (PT), que tem mais quatro anos de mandato na Casa.

A eleição da ex-prefeita, que parecia tranquila até as últimas semanas, passou a ser ameaçada na reta final da campanha após o crescimento nas pesquisas do companheiro de chapa, Netinho de Paula (PC do B), e do adversário Aloysio Nunes, eleito senador pelo PSDB. Aloysio ganhou força na reta final da campanha, quando concentrou votos após a saída de Orestes Quércia (PMDB) da disputa, por causa de problemas de saúde.

As eleições para o Senado eram consideradas estratégicas pelo presidente Lula para garantir a governabilidade numa eventual gestão Dilma Rousseff (PT). Em seus últimos comícios, Lula não perdeu oportunidade de dizer que não queria que sua ex-ministra sofresse o “sufoco” que ele passou na Casa durante os oito anos de seu governo.

Apesar da confirmação do favoritismo, a campanha de Marta rumo ao Senado não passou imune a polêmicas. Desde o começo, ela deu sinais de que não estava disposta a fazer campanha ao lado de Netinho. Era uma reação ao possível estranhamento do eleitorado em ver uma defensora dos direitos das mulheres e dos homossexuais ao lado de um candidato que já respondeu a processo por agressão à ex-mulher.

O desconforto atingiu o ápice quando Netinho pediu em público votos “ao negão e à loira”. Advertido, ele nunca mais voltou a usar o termo. À exceção de discursos em defesa do cantor e apresentador, em comícios oficiais, Marta se distanciou de Netinho e do próprio candidato do PT ao governo do Estado, Aloizio Mercadante, para garantir os votos de parcelas do eleitorado tucano no Estado. Para isso, contratou um marqueteiro próprio – o publicitário Duda Mendonça – e desfalcou a equipe encabeçada por Mercadante em eventos como a visita, ao lado da primeira-dama Marisa Letícia, à Cohab de Carapicuíba, berço de Netinho.

Em seu jingle, que ignorava Mercadante, Marta pedia votos para eleitores de outros partidos dizendo “agora é Marta, seja qual for seu lado”, “seja qual for a razão”.

Com o descolamento, ela viu Mercadante e Netinho se aproximarem cada vez mais durante caminhadas pelo Estado. A poucas semanas do fim da campanha, porém, em uma reunião ocorrida na casa da ex-prefeita, após o crescimento de Aloysio Nunes, ficou decidido que era necessário enviar uma mensagem ao eleitor de que ela e Netinho caminhavam juntos. Dias depois, o presidente Lula entrou na história e gravou depoimento ao lado dos dois candidatos.


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