O turismo internacional vem sendo prejudicado principalmente pelas restrições sanitárias impostas pela pandemia, a dificuldade de deslocamento, barreiras internacionais e pela questão da desvalorização do câmbio. O turismo doméstico, por ter menos restrições e ser menos custoso, pode ser uma alternativa.
Paulo Henrique Assis Feitosa, que é economista e professor no Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, explica que, ao ver esse movimento por viagens nacionais, “o dono de hotel, de um resort ou de um parque aquático passa a aumentar os serviços que já oferecia, diversificar ou pensar em novos negócios para atender a essa demanda”, o que estimula o setor.
Mas seria o turismo internacional substituível pelo doméstico?
Isso aconteceria se, para os turistas, não houvesse diferença entre os destinos de viagens. Porém, como ressalta o professor, eles estão sempre em busca de novas experiências. “O turismo internacional e o turismo doméstico não são perfeitamente substituíveis. Muitas pessoas querem viajar internacionalmente e elas não se satisfazem com o turismo doméstico.”
Ele exemplifica falando que, se alguém estava com planos de viajar para Buenos Aires, já antes da pandemia, irá fazê-lo quando tiver a primeira oportunidade e não trocará por um destino nacional.
“O segundo ponto é que esses dois tipos de turismo têm motivações diferentes. A pessoa está procurando uma outra experiência que ela não consegue realizar nacionalmente”, explica.
A importância do turismo doméstico
Isso não significa, porém, que não deva existir mais investimentos em turismo doméstico. Feitosa ressalta que esse setor sustenta um importante volume de trabalhadores, pois depende de muitas pessoas para funcionar. “E ele distribui bem a renda. É uma atividade econômica em que o recurso que circula dentro dessa atividade chega na mão das pessoas. Então, o turismo tem essa função em termos de empregos”, além de alimentar uma cadeia importante de atividades correlatas.
Além da geração de emprego e renda, o turismo doméstico propicia ao viajante um encontro com as belezas ambientais do nosso país. Esse passa a ser um atrativo a mais não só para brasileiros, mas também para as pessoas que vêm de fora do Brasil. Por isso, não se pode deixar de levar em conta o cuidado com o meio ambiente, como relata o especialista.
Nesse sentido, se um local é sobrecarregado e não há uma dispersão dos destinos, conforme o professor, pode gerar o overtourism. “Isso aumenta a carga de pessoas, o impacto ambiental. Então, é procurar esse equilíbrio: expandir a atividade, mas realizá-la de forma sustentável”, ressalta Feitosa.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 10h45, 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.