• Redação Galileu
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Pristis pristis (ou peixe-serra comum) é uma das três espécies de peixe-serra em perigo crítico de extinção (Foto: David Clode/Unsplash)

Pristis pristis (ou peixe-serra comum) é uma das três espécies de peixe-serra em perigo crítico de extinção (Foto: David Clode/Unsplash)

Conhecidos por seus focinhos alongados e estreitos, repletos de dentes, os peixes-serra desapareceram de metade das áreas costeiras do mundo e estão perto da extinção, concluiu estudo publicado na última quarta-feira (10) no periódico Science Advances. A principal causa é a atividade pesqueira desenfreada, ou sobrepesca, dizem os pesquisadores da Universidade Simon Fraser (SFU, na sigla em inglês), no Canadá.

Espécies de peixe-serra já foram registradas vivendo em águas de 90 países. Hoje, estão entre a família de peixes marinhos mais ameaçada do mundo, com espécies extintas em 46 países. Em 18 deles, pelo menos um tipo de peixe-serra não foi mais visto e, em outros 28, dois desapareceram.

Segundo Helen Yan e Nick Dulvy, pesquisadores da SFU, as cinco espécies existentes do peixe estão em perigo de extinção, de acordo com a categorização definida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Três delas estão em perigo crítico e constam na lista vermelha de espécies ameaçadas da UICN: o peixe-serra comum (Pristis pristis), peixe-serra de dentes pequenos (Pristis pectinata) e o peixe-serra verde (Pristis zijsron).

O estudo também aponta alguns dos motivos que associam os peixes-serra à sobrepesca. Com frequência, os dentes dos animais engancham em redes, o que facilita sua captura em pescas voltadas para o mercado de barbatanas de tubarão. Também chamado de rostra, o focinho do peixe que o identifica como “serra” é vendido como uma excentricidade, um medicamento ou como esporas para briga de galos, relatam os cientistas.

Para evitar a extinção completa dos peixes-serra, é necessário uma atuação que barre a expansão da sobrepesca, além de ações que protejam os habitats das espécies, como os ameaçados manguezais.

Dentre as recomendações do estudo, está a orientação de que esforços internacionais de conservação concentrem-se em oito países, nos quais planos de preservação e de pesca adequada ainda podem salvar espécies — o Brasil é um deles.

Os pesquisadores também concluíram que Austrália e Estados Unidos deveriam ser considerados países “salva-vidas” dos peixes-serra, pois apresentam medidas protetivas que ainda resguardam alguns peixes sobreviventes.

“Embora a situação seja catastrófica, esperamos compensar as más notícias com a identificação dos países onde há esperança de salvar os peixes-serra”, diz a pesquisadora Yan, em comunicado. “Também enfatizamos nossa descoberta de que, se agirmos agora, ainda é possível recuperar mais de 70% da distribuição geográfica histórica do peixe-serra."