Entrevista: Quiof

Por Renato Lebeau | 25 setembro de 2009

quiof

Quiof é uma personalidade anônima da internet, assim como antes dele tiveram o Sincerovsky (levado aos quadrinhos como vilão desenhado por Marcos Gratão em HQ contra os seus Vigilantes), Vulto Misterioso, Artista e outros.

Assim como os demais, Quiof se comporta como um feroz adversário do super-herói brasileiro e do autor nacional desse tipo de quadrinho, mas acaba se estendendo e incluindo todo quadrinho nacional em suas críticas.

Uniu-se com o ex-editor e blogueiro Bk, o que sempre trás a tona a desconfiança de que o mesmo sujeito estaria por trás de todos esses dublês, o que não é de todo improvável.

Pairam sobre Quiof diversas desconfianças sobre quem seja sua face real, ou se ele é algum desenhista conhecido do meio, tudo que sabe é que reside no Rio de Janeiro, mas apesar de não concordar com as opiniões do tal “Quiof” e nem com a atitude de se esconder por trás de um personagem, cada um sabe o que faz.

Ele não quer lidar com o ônus de ter opinião convergente, mas cada um é responsável por si e por sua conduta e mesmo sendo irônico não chega a ser desbocado, por isso abri um parêntese e o encostei contra a parede!

O cara é conhecido por quem pesquisa quadrinho nacional e, falando bem ou falando mal, está trazendo maior visibilidade para o assunto, ele também se mostrou bastante liso, mas veja aí o que pensa essa obscura figura do submundo dos quadrinhos nacionais da internet:

Rod Gonzalez: Gostaria de te fazer umas perguntas já que o assunto do quadrinho nacional é de seu grande interesse, será um prazer dissertar sobre o assunto.
Quiof:
Vi sua matéria ontem, cara o Manoel tá de dando uma oportunidade de ouro, minha opinião pessoal é que você deixe de xenofobia. O Manoel também deu espaço pro Gedeone, mesmo que tenha vista texto melhor na internet, a coluna era simpática.
A matéria ficou melhor que a da Wizmania (que se resumiu a isso), colocou bastante coisa do Sr. Takeguma. Você pesquisou bem, tenta assinar um texto sozinho.

R.G.: Existe ética no mundo “fake”?
Quiof:
Sim existe, tava conversando com alguns fakes do bem e a resposta foi a mesma que a minha, agente não quer envolver vida pessoal.

Você por exemplo escolheu ter identidade pública, vai que alguém descubra teu endereço e vá pertubar a sua casa?

Tua esposa, filho, amigos etc, não tem nada a ver com suas opiniões publicadas na internet.
Ai você pode pensar assim:”vou lá e processo por danos morais”, mas o ato já foi feito, decisão judicial ou justiça com as próprias mãos não apagam o ato.

Quando entrei no MBB espera entrar nas discussões entre você e o BK.
O BK saindo de lá achei ele no Orkut e o hoje estou presente no blog dele, se você fizer um também posso estar lá.

heroi_brasileiro

R.G.: Não vejo o Bk fazer nada de útil pela HQ Nacional, somente críticas destrutivas e infantis, mas você se comporta como se ele estivesse certo. Qual seria a função do Bk na HQ Nacional?
Quiof:
Acompanho o BK desde a época da Animax, desde daquela época ele quer que o pessoal produza quadrinhos, ele dá dicas de como tirar registro, como procurar editora, licenciamento, no Megaman ele deu espaço pra Érica Awano e olha como ela ficou famosa (tem um bom traço, mas deixa a desejar nos cenários).

R.G.: O q você acha da conduta de humilhar publicamente quadrinhistas brasileiros com baixos termos?
Quiof:
É o jeito do BK se expressar, não acho que ele te odeie ou odeie o Cassaro. Existe muitas pessoas assim com ele.

R.G.: Por que você acha que a arte do ser humano deve ser criticada? Não deveria ser admirada?
Quiof:
Não concordo com o conceito de arte do século XX, muita coisa denominada arte acho horrível. Picasso e Rob Liefield, tem quem goste.

R.G.: Qual o critério para se julgar a arte?
Quiof:
Eu admiro o que acho bom em termos de traçado, anatomia etc…
Arte tem que ter algo diferente, no rosto, corpo, cenário, falando de HQ narrativa.
Tex por exemplo é bem feito, mas acho chato.

R.G.: A arte é um direito do ser humano, ou privilégio de poucos?
Quiof:
Arte é um direito, como os direitos civis, talento, profissionalismo, dedicação são privilégios de poucos.

R.G.: A HQ é uma arte livre para quem quiser fazer?
Quiof:
Sim, mas HQ é arte comercial. Tem direcionamento, HQ não é pra fazer pra si mesmo.

R.G.: A liberdade total de pensamento deve ser reprimida?
Quiof:
Cada um diz o que quer. Essa é a frase clássica:

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.”
Voltaire

Se você disser algo que eu não concordo, venho a público pra discordar, sem agressões verbais que não vão trazer nada de útil a discussão, você perdia muito tempo xingando os outros no MBB.

velta_30_anos

R.G.: O que acha da Velta?
Quiof:
Acho que Velta é um devaneio adolescente, acho chata, recheada de Fan Service, embora ache que a Guerra Cívil da Marvel seja ruim, acho Velta pior, tem quem goste paciência.

O Emir comete erros de desenho de propósito, o cara fez uns personagen gringos de forma até agradável, o traço dele não faz o meu estilo, se quiser ele fica melhor que o Liefield.

R.G.: Quais HQs da Velta já leu?
Quiof:
Li Velta contra Doroti, uma que tem no site da CQB, Graphic Talents.

R.G.: Qual sua opinião sobre a CQB? O que é a CQB, na sua visão?
Quiof:
A CQB no início apenas divulgava a HQB, é mais organizada que o site do Nery, não concordo com o boicote ao material gringo, a cartilha e os plágios alegados, vocês não tem acessoria jurídica pra averiguar essas acusações, muitos personagens que você coloca no site não tem registro ou HQ acho desnecessários e mal feitos.

A CQB é união de fãs de Quadrinhos com posições nacionalistas e por isso vocês às vezes apelam denuncismo sem muita pesquisa aprofundada.

he_man

He-man na versão de Bruce Timm

Cara leia gibi sem essas coisas, é pior pra você esse repúdio ao material gringo, tem saído muito coisa ruim do exterior, mas tem muita HQ que você pode descobrir, o José Salles  conhece bastante gibi, outro dia li que tu gostou do He-man produzido pela Abril (o Primaggio sabia escolher equipe), embora seja até bem feito, pra mim a versão do Bruce Timm é melhor.

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R.G.: O que acha do HQ Nado?
Quiof:
O HQ Nado é um site mal aproveitado, um domínio.com, com histórias bem ruins sobretudo o tal do Tristão (já conhecia ele do Graphic Talents) mal desenhado e sem graça.

A única HQ bem feita é a Mulher-Estupenda, mas é muito clichê parece episódio dos Superamigos.

R.G.: Que acha dos seguintes personagens: BLENQ, JOU VENTANIA, CRÂNIO, RAIO NEGRO, TOPMAN, COMETA e LAGARTO NEGRO?
Quiof:
Blenq ainda não está definido pra eu dizer, acho as cores  mal escolhidas e a prancha estranha (parece uma prancha de surfe comum) usa a versão do Tony Fernandes (Blenk, que parece com o He-Man).

Jou Ventania (que nome horroroso) parece com Batman e Asa Noturna demais poderia mudar o visual, a história lembra o Spawn, tem HQ no QG do Homem-Escudo, muito mal feitas e calcada demais no Batman.

cranio_02

Crânio tem uma história clichê e não achei nada demais, o lance do símbolo dele é estranho.

O Raio Negro é um personagem mal aproveitado, a origem é muito calcada no Lanterna Verde, o visual é feio, o personagem é muito preso a era de Ouro, ninguém pega o personagem e inova ele, parece que tinham medo do Gedeone Malagola não gostar (o Emir não gosta que mudem algo na Velta).

Topman é sem graça, é paródia igual a Mulher-Estupenda, personagens bandeirosos só funcionam com os gringos.

cometa_08

Cometa é um personagem muito a ser trabalhado, o Samicler tem um bom traço (lembra o Byrne dos velhos tempos e anatomia bem moderna), espero que  o Antonio Tadeu faça um bom trabalho com ele.

Lagarto Negro é um personagem que não me agrada, não gostei de Justiceiro, o visual dele também é ruim, lembrando o Homem-Aranha com uniforme negro (embora o autor não admita).

R.G.: Quem manda bem na HQ BRASILEIRA?
Quiof:
Como disse o Samicler, Jean Okada, Arthur Garcia, Silvio Spotti, JJ Marreiro, Marcio Takara, André Tachibana e outros que não me lembro agora.
Todos são bons desenhistas.

Dos antigos: o falecido Seto, Nico Rosso, Rodolfo Zalla, Colonnese, Shimamoto.

Da lista de desenhistas ficaram faltando o Daniel Brandão, Adauto Silva, Renato Guedes, Felipe Massafera, Mozart Couto, Watson Portela.

mozart_couto_2

Arte de Mozart Couto

R.G.: Você não tem mais ambições profissionais com quadrinhos ou está apenas está em busca orientação? Se você tivesse mostrado a cara desde o começo teria sido melhor pra sua carreira, as pessoas gostam de pessoas ousadas que assumem suas opiniões.
Quiof:
Não tenho, acho que no Brasil é difícil viver de HQ, não crio personagens (Quiof não tem origem, é aleatório).
Estou nessa apenas por curiosidade, quero que o Brasil se desenvolva nessa área como fez o Japão, Itália e até China e Coréia.

O problema é o Brasil ainda é engessado no que tange a criação de personagens, temos bons ilustradores, no mundo todo o brasileiro é elogiado.

Espero que a HQB funcione, a Jupiter 2 republicar HQs do Raio Negro dificilmente vai atrair fãs novos da geração influenciada pela Image, Mangá e Games, se o Raio Negro voltasse com uma nova roupagem poderia deslanchar.

Vê o Aluir Amâncio o cara fazia Disney e Turma da Mônica (mudou o estilo da turminha) e hoje trabalha na divisão de animação da Warner.

Cara, acredito que você curte o trabalho do BK mas não admite. Talvez pelo que seus amigos podem pensar ou pelos xingamentos que ele profere contra você.
___________________________________

Lembramos ao leitor que a entrevista que você acabou de ler expressa a opinião do entrevistado e não do site Impulso HQ.

A equipe do Impulso HQ agradece mais uma vez a Rod Gonzalez por sua gentileza em enviar a entrevista e permitir que ela seja publicada.

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  1. Lacan disse:

    se vcs curtem os podcasts do BK venham conhecer eu, o grande Lacan!

    e eu dou minhas dicas sobre o quadrinho nacional.

  2. Lacan disse:

    e qm falou q qro supera-lo?
    só qro falar mal do quadrinho nacional, ou até mesmo qm sabe ajudar a mostrar as falhas desses idiotas.

    http://pobrecast.mypodcast.com

    acessem! escutem!

    opinem

    HAUAHUHAUHAUHAUAHUAHUAHAHUA

    inté

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