Membro fundador da Academia Olímpica de Portugal, membro honorário do Comité Olímpico de Portugal e vice-presidente da Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal, morreu este sábado o atleta olímpico Luís Vieira Caldas, vítima de acidente vascular cerebral.

Atleta destacado em numerosas modalidades, foi na ginástica que se iniciou quando, ainda criança, se inscreveu no Ginásio Clube Português para se dedicar à ginástica geral e, depois, à de aparelhos. Por essa altura, a prática da ginástica foi sendo desenvolvida em paralelo com a do remo, no Clube Naval de Lisboa. Foi aí que conheceu alguns colegas que o levaram a experimentar o atletismo e o râguebi no Sport Lisboa e Benfica. Na primeira dessas modalidades notabilizou-se como corredor de barreiras e lançador de dardo, sagrando-se campeão nacional de juniores nesta última especialidade.

Era já sénior quando decidiu enveredar pela modalidade em que alcançaria maiores sucessos, a luta greco-romana, à qual estava já ligado de forma indirecta por via do pai, treinador da modalidade, e do irmão, praticante de luta. Em 1960, aos 33 anos, registou a primeira presença em Jogos Olímpicos, competindo nos Jogos de Roma, no torneio de luta greco-romana, categoria de -79 kg.

A partir daí, seguiu-se um longo percurso no universo do Olimpismo, que o levou a transformar-se no português com participação em maior número de funções diferentes em Jogos Olímpicos: além de atleta (1960), foi chefe de equipa em 1968 (México) e 1972 (Munique), chefe de missão em 1976 (Montréal), árbitro de luta em 1980 (Moscovo) e 1988 (Seul), tendo desempenhado ainda as funções de comentador televisivo por ocasião de várias edições dos Jogos Olímpicos. Em 1980, quando da participação como árbitro nos Jogos de Moscovo, foi o primeiro português de todas as modalidades a participar nuns Jogos na condição de juiz.

Atleta de várias modalidades, árbitro de luta, juiz de ginástica, dirigente do Comité Olímpico de Portugal e das federações de ginástica, halterofilismo e luta, Luís Vieira Caldas recebeu em 1999, do Governo Português, a Medalha de Mérito Desportivo, como reconhecimento pela dedicação ao desporto, num exemplo que pode ilustrar os elevados valores olímpicos.

Figura de grande simpatia que sempre atraía a atenção e a amizade de todos, em especial dos mais jovens, Luís Caldas foi presença assídua nas mais diversas iniciativas da AOP, demonstrando-se sempre desejoso de actividade e disponível para colaborar e participar. Um dinamismo a que se referiu em 2004, numa entrevista publicada na revista da AOP: «Só tenho pena de não ter mais tempo para fazer mais coisas e continuar com essa dinâmica.»

O desaparecimento de Luís Caldas deixa mais pobre o desporto português, o Movimento Olímpico e todos os que de alguma forma tiveram o prazer de conhecê-lo, dele guardando agora uma memória inapagável.

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